Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



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Infelizmente, ou felizmente, não dá tempo para contar sobre todos os meus clientes, ou sobre todo o meu dia. E existem pessoas tão queridas, e outras tão excêntricas, que mereciam um post inteiro! Talvez depois eu dê mais detalhes, mas, por agora, vou tentar me lembrar de alguns programas da semana - excepto aqueles que citei em posts individuais - num resumo básico:

+ J.R. esteve aqui pela primeira vez. Trabalha com programação ( informática ). Quis o programa de duas horas, e foi uma gracinha de pessoa. Ele já tinha me avisado que era tímido. E eu adoro os tímidos. Com o tempo ele foi se descontraindo e foi muito gostosinho. Foi um programa de duas horas, e foi gentil até com a gorjeta.

+ Atendi o G., aquele meu cliente-amigo, que sempre me acorda com o telefone quando alguma matéria sobre a prostituição sai no jornal. Nos últimos meses ele fez uma cirurgia na próstata, para retirar um tumor maligno. Ele antes não tinha reacção nenhuma. Hoje ele sente a sensação de prazer, mas não sai nenhuma gota de esperma. Mas mesmo assim o programa correu melhor do que eu imaginava. Também foi muito gentil no aspecto financeiro.

+ M.L., o cliente que nasceu em França, reapareceu. Programa típico: 20 minutos. A vantagem é que, quando estou por cima dele, recebo uma massagem nas costas. Não acertamos o ponteiro ainda - talvez porque não role muita química - mas estamos num bom caminho.

+ Em uma semana o Sr.M. fez três programas comigo.

+ P., o vendedor de bebidas delicioso, voltou de viagem e veio fazer um programa. Como somos dois escorpioninos, a cama pega fogo, apesar do habitual tempo curto ( 20 minutos ). Conseguimos revesar nosso lado dominador.

+ A. diz que já esteve comigo, mas eu não me lembrava dele. Apesar das suas mãos ásperas, o programa correu bem. Mas ainda não me lembro da primeira vez que estivemos juntos.

+ Z.H. é um cliente conhecido. Estou em dúvida se continuarei a atendê-lo. Não foi assim tão ruim o programa, mas mesmo assim estou em dúvida. A primeira vez que esteve comigo foi péssimo. Não foi a sua aparência cavernosa que me assustou. Foi o seu jeito de foder. Mais valeria ele comprar uma boneca. Então eu não gostei nada daquele programa, e fiquei morrendo de medo que o preservativo rasgasse. Além do pau grande, mete em alta velocidade, sem sincronia. Fode com desespero, essa é a definição certa. Depois daquele dia, sempre que me ligava eu dava uma desculpa. Mas depois ele apareceu, sem se identificar, e tive que atendê-lo. Geralmente eu mesma digo para o cliente que não quero atendê-lo, quando eu vejo que posso fazê-lo sem problemas. Digo assim: «Olha, meu amor, o problema pode nem ser você e ser eu, por isso acho melhor você procurar outra menina.» Mas muitas vezes isso pode ferir o ego do homem, então prefiro dizer sempre que estou com o período quando ele quer estar comigo. Nesse dia em que ele voltou, me contou uma história super triste da noiva que faleceu. Fiquei comovida e resolvi atendê-lo novamente. E ensinei tudo o que ele precisava de saber - na prática - sobre o sexo. Ele melhorou, indo com mais cuidado. Não gosto de algumas coisas na postura dele. Contou que ia se casar com uma gaja, mas terminou tudo com ela quando soube que ela não sabia passar nem cozinhar. Eu disse-lhe que ele queria uma empregada, e não uma esposa. Nessa semana, quando ele apareceu, parecia ter esquecido tudo o que eu ensinei. Tive que dar uma pausa no meio da foda para passar gel na minha cona e no preservativo, porque estava seca e doía. Mal levantei para pegar o gel e ele estava de pé, do meu lado, tentando meter, desesperado que só por eu ter dado a pausa. Gozou, e apesar de eu ter demonstrado levemente, ele não percebeu - ou fingiu não perceber - o meu desagrado.

+ Z. é um cliente que eu entitulo como «o cliente que me odeia». ( E tanto me odeia, que não deixa de me visitar ). Ele me acha arrogante. E tem razão. Eu sou um pouco arrogante com ele mesmo. Talvez porque ele ache que eu devia me fazer de desgraçada, e implorar por clientes, e ter uma postura submissa, desprezível. Eu não vivo de esmolas. Hoje em dia o atendimento não é desagradável como era antes. Começamos por ser irônicos um com o outro, e isso virou uma brincadeira, que nos faz rir. Debochamos constantemente das situações. Ele diz: «Um dia eu vou passar uma noite contigo» e eu respondo em tom teatral: «Oh, não, não faça isso, senão eu acabo me apaixonando por ti!!! Já viu que grande tragédia será eu ir para a cama com outros homens pensando em você?» Segurei-me para não me irritar com ele essas semana, por ter tocado na minha porta sem ter me ligado antes. Perdeu o meu número. Independente do que tenha acontecido, não aceito que os clientes façam isso, porque eu posso estar ocupada. Mas acabei atendendo, porque o próximo cliente era o Sr.M., que só viria depois que me ligasse. E com o Sr.M. eu tenho a liberdade de poder ligar, e por isso podia pedir que aguardasse mais alguns minutos.

+ O 51 também voltou essa semana. Quando ligou eu estava ocupada com o Sr.M., e poderia demorar até uma hora. Mas como ele tinha tempo, pediu que eu desse um toque assim que estivesse livre. Por causa dos estímulos, não demorei com o Sr.M. o tanto quanto calculava, e depois pude atendê-lo. Fui eu a lembrar-lhe, em tom de descontracção: «Não vais dizer hoje que seu pau anda cada vez menor?»

+ J. é um cliente de Alcobaça. Eu sempre me esqueço dele, e é a 3ª ou 4ª vez que me visita. É baixo, cabelos pretos, peito cabeludo, rosto redondo e bonito. É rapidíssimo. Sou rápida na digitação. Mas no tempo que eu gastei para digitar essas quatro linhas, ele já teria gozado.

+ A.C. voltou, e fez um programa de 20 minutos. Mas antes disso conversamos bastante. Diz que o amigo dele ficou muito contente com o meu atendimento, pretendendo voltar assim que tiver oportunidade e que disse assim: «Ah, ela sabe como se faz!!!», o que, numa tradução instantânea se resume em: «Ela é marota!»

+ S., aquele cliente que não sei porque não gosto de atender, voltou. Bem que ele disse que voltava!!! O programa foi igual a todos, mas dessa vez falamos menos ainda.

+ E, o cliente que já esteve aqui no dia 01, voltou no dia 08. Estive por cima dele, e por hábito, já ia pedir para ele então vir para cima de mim. Então lembrei-me: «Venha à canzana, senão daqui a pouco isso vira rotina.» Ele aceitou minha sugestão e fez direitinho.

+ J.C., um cliente das Caldas da Rainha, veio para a simulação masculina, na sexta. Como eu tinha um outro programa marcado, o único tempo que tinha para ele era de meia hora. «É 60, não é?» - ele perguntou, e eu tive vontade de dizer que sim. Mas no milésimo de segundo seguinte eu me arrependi e disse-lhe a verdade, ou seja, 50 para meia hora. É a segunda vez que faz programa comigo. Ao contrário da maioria dos clientes de simulação masculina, que sempre dizem que é a primeira vez, ele não camufla. E na primeira vez que veio ter comigo, ele trouxe o seu próprio vibrador. Ele passa exactos 15 minutos sozinho, trancado na casa de banho, a passar gel no próprio cu. ( Na primeira vez até fiquei preocupada achando que ele podia estar se drogando, apesar de não ter o aspecto de homem que se droga. É lindíssimo, uns 30 e poucos anos, rosto de menino ). Pede que eu vista o vibrador - ele acabou optando pelo meu que, apesar de ser maior que o dele, é mais fino - e como ele de quatro. É fácil comê-lo, porque ele ajuda bastante. Depois de comê-lo, ele costuma me dar uma lambidinha e depois me fode.

+ P.P. é um cliente simpático, falante. Ora claro, é o publicitário. Estava na Madeira nos últimos dois meses, mas vez ou outra sempre telefonava para saber se eu estava bem. Acho muito querida essa atitude de alguns clientes. Voltou recentemente de viagem, e veio logo me visitar. Fizemos um programinha básico.

+ O M.P. voltou na sexta-feira por volta da meia-noite e meia, para um programa de uma hora. Tinha boxers num tom azul claro, a combinar com a sua camisola. Estava gostosinho como na outra vez. Conversamos muito também, e rimos bastante. Contou da sua primeira experiência a comprar preservativos numa farmácia. Quando enfim tomou coragem, a farmacêutica pergunta qual a quantidade de preservativos que queria. Mas para essa pergunta ele não estava preparado :) . Apelidei-o de "viagreiro", depois que perguntei-lhe se tomava viagra. A resposta foi negativa, como eu no fundo suspeitava. É só saúde mesmo.

P.S.: Hoje, sábado, só trabalharei no "turno" da tarde.



Paula Lee


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  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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