Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Meu primeiro cliente


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( Calendário Pirelli )


Uma das vantagens em ser GP ( garota de programa ) é a oportunidade de podermos conhecer - intimamente... - pessoas influentes em várias áreas. Essas pessoas, quando se tornam nossas amigas, ou pelo menos amigas entre quatro paredes, nos ajudam muito em tudo o que precisamos além do dinheiro. Esse tipo de ajuda, algumas vezes, e muita das vezes sem segundas intenções ( verdade, sem segundas intenções mesmo, e sem qualquer necessidade de trocas de favores ) por vezes é mais gratificante que qualquer dinheiro. E são coisas como essas que fincam uma amizade.

A.F. é uma dessas pessoas - amanhã mesmo ele vai me fazer um favor . Ele foi o meu primeiro cliente - primeiro cliente com a letra A ;) - quando eu me tornei independente no meu trabalho.

Não é um frequentador assíduo, mas, até onde eu contei, já foi comigo para a cama umas 20 vezes.

Ele havia sumido. Estava com alguns problemas de saúde, e depois teve alguns problemas familiares. Não exactamente nessa ordem. Até acho que não teve ordem, já que os problemas começaram simultaneamente. E na altura eu também estava com alguns problemas que não consegui disfarçar, e isso eu sei que afasta cliente.

Semana passada ele me ligou, mas, como eu estava na escola, não pude atender. Ele também faz parte do grupo dos poucos que possuem o meu número particular. E eu também posso ligar-lhe, desde que seja num horário conveniente. Mas sempre que me lembrava já era de noite, ou fim-de-semana.

Sábado eu resolvi de uma hora para a outra tirar folga, mas já tinha combinado comigo mesma que atenderia única e exclusivamente o A.F. no fim da noite. ( Ele nunca vem antes das 22h ).

Conversamos muito, como não conversávamos à muito tempo. Depois a gente deu uma foda gostosa, daquela que a gente também não dava à muito tempo. Me lembrou até "os velhos tempos" - o tempo é muito relativo para quem trabalha com sexo - em que ele vinha pelas primeiras vezes.

É um homem moreno, cabelos grisalhos, bonito, simpático, divertido.

E segunda-feira - ou seja, hoje, daqui a algumas horas - pela manhã também não vou trabalhar, porque tenho algumas coisas para resolver e o Sr.M ofereceu-se para ir comigo, porque dessa forma me despacho mais rápido.



Paula Lee


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Creative Commons License
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