Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> 1:59 - Madrugada de quinta para sexta


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Por hoje chega. Quero dormir "cedo" para voltar a adquirir o ritmo de acordar cedo. Nas últimas semanas tenho me levantado muito tarde - culpa da minha teimosia e vontade de ler antes de dormir - e depois sou dominada pela culpa. Como o tempo é curto!

Faz 10 minutos que o último cliente foi embora. Era o R.D., um gatinho de uns 25,26 anos, que não aparenta ter mais do que 22.

É um cliente bem antigo, mas que não tem o vício de ser muito frequente. Por vezes aparece duas ou três vezes por mês, mas depois é capaz de ficar mais de dois meses sem aparecer.

É alto, tem o rosto perfeito, dentes brancos e bem alinhados, corpo em forma, uma tatuagem tribal linda no braço. Bonito, simpático e gostosinho.

Na última vez que esteve aqui, quase duas semanas atrás, senti que sua roupa cheirava à lavanderia. Ui, que delícia!

É um cliente rápido, mas que nem por isso deixa de ser gostoso na cama. Tem um toque divinal, uma pele de seda, uma língua molhada e geladinha que beija meus seios arrepiando até minha alma.

Diz que é viciado em sexo, ( novidade, muito homem enfatiza essa mesma afirmação! ) e que não tem prenda melhor que possam dá-lo do que isso. Então disse que ia comentar no meu blog: "Ei, mulheres, dêem-lhe prendas!" Não é sacrifício nenhum, já que ele é "delicinha". Se eu não fizesse esse trabalho e tivesse uma vida normal, possivelmente daria de graça pra ele.

Numa das primeiras vezes que esteve aqui, eu disse-lhe que podia perfeitamente investir numa carreira de modelo. Ele riu-se, como riem-se todos os poucos homens para quem eu digo isso, não acreditando na própria beleza. Oh, desculpem a sinceridade, mas alguns homens portugueses têm a auto-estima tão baixa! É como se só eu notasse o que há de extraordinário neles. Sentem-se iguais, menores ou inferiores com muita facilidade.

Mas também há excepções. Existem aqueles tipos que chegam já com a postura de reis donos do mundo, como se estivessem me fazendo qualquer favor por virem me visitar. Como se eu estivesse carente de sexo e prazer, e por isso vieram fazer essa caridade. Depois das 23h eu não costumo atender desconhecidos. Mas alguns me ligam, e insistem, na inútil expectativa de me convencerem com seus argumentos: «Ah, mas eu sou um homem novo, bonito, aposto que você não vai se arrepender.» Pouco me importa se o homem é alto, baixo, novo, velho, gordo, magro, bonito ou feio. Não vou atender um homem melhor ou pior que outro apenas pela sua aparência física, apenas pela embalagem, sua propaganda enganosa. O que me importa é que o homem me respeite, que seja um cavalheiro, que seja gentil. E "Você não vai se arrepender" é uma das coisas mais hipócritas e arrogantes que podem existir na face da Terra. O que é bom para uns nem sempre é bom para todos.

Ele tinha acabado de gozar e eu ainda estava por cima dele.

- Estava mesmo precisando de estar contigo hoje. - ele disse.

- Por quê? Os bichinhos estavam já dançando dentro dos seus tomates?

Confessou-me que não era isso. Tinha feito amor com uma amiga. ( Ui, que complicado!!!! )Aconteceu naturalmente, e não era a primeira vez que comia alguma amiga, mas sentia-se incomodado. Já se viram novamente e nenhum dos dois tocou no assunto, está tudo bem, mas sempre nota-se aquele clima de tensão no ar.

Quem também apareceu hoje foi o G.L., o lindo e solteiro. Aproveitou o feriado e veio de Lisboa de propósito, só para estar comigo por uma hora. Como sempre, lindo! Sabe, ele tem aquele rostinho de criança, de menino, mas o corpo, as mãos, as atitudes, são todas de homem grande, crescido e amadurecido. A primeira foda foi uma delícia, razoavelmente mais rápida. Elogiou muito o meu broche, dizendo que cria um relax instantâneo. Gozou gostoso na primeira, quando eu fui para cima dele. Já na segunda foda, estivemos um tempão tentando, e mudamos umas quatro vezes de posição, mas já não havia ali espermatozóide nenhum querendo dar a cara. Mas foi gostosinho na mesma. :)

Outro que apareceu foi o E., um cliente muito gatinho, também já conhecido. Tem o cabelo comprido, usa brinco, veste-se de forma desportiva. O único detalhe é que ele tem uns dentes superiores estragados. Não comentei isso com ele, mas é um disperdício para um homem assim, com aquele rosto, com aquela foda tranquila, com aquela simpatia. Mas como eu disse, o que me importa é a postura do homem, e ele é excelente.

E o dia de hoje não foi só sexo. Também fui para a aula e também tentei ligar para um ex-cliente-amigo, mas não consegui falar com ele. ( É ex-cliente porque ele cometeu o lapso de se apaixonar por mim ). Ainda estive no msn, conversando com algumas pessoas. Actualizei algumas páginas do meu site. E também liguei para a D. - a minha amiga que já não trabalha na "noite" - longamente, para conversarmos e colocarmos os assuntos em dia. Vou passar o Natal com ela e com as outras meninas.



Paula Lee


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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