Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Amanhã entregarei minha virgindade


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Não quer acreditar, não acredita...

Depois eu conto os detalhes.

Hoje, depois de dar uma rapidinha num cliente, saímos no carro dele. Ele queria que eu fosse com ele numa ourivesaria comprar a minha prenda de aniversário. Tivemos que ir numa outra cidade, porque ele é conhecido pelos ourives daqui.( Espero não ganhar mais nenhum perfume hoje. Me dão todo o tipo de perfume, excepto aquele que eu uso, o Chanel nº 5 ).

Sugeriu um anel, mas eu já tenho mais anéis que dedos. As argolas que escolhi parecem ter sido feitas para mim.

É sempre bom começar um dia a ganhar prendas.

Eu ainda disse que não precisava, com sinceridade. Afinal de contas, amanhã ele vai gastar muito dinheiro comigo para tirar a minha virgindade. Entretanto, ele fez questão. Eu devia ser interesseira, egoísta e ordinária. Devia fazer de tudo para tirar o que conseguir dos homens, mas eu não sou assim. Devia, mas não sou. Quero apenas o que me pertence ou que é meu por direito adquirido ou conquistado.

Ele anda a tentar comer uma gaja, mas ela anda a tentar fazer-se de santa para ele. Andam a quatro meses, ela tem 58 anos e tem dois filhos. Ele tem 65 anos ( na verdade aparenta 85, mas confesso que não ligo nenhuma para isso. Com o tempo, um homem de 20 e um de 90 não me fazem a mínima diferença. O importante é que me tratem bem ). Tem 4 meses que ele cobre-a de prendas. Ela leva-o em lojas caras e vem sempre com a desculpa de que esqueceu-se da carteira. E joga o barro para ver se cola, falando das coisas que precisa. Pede coisas. Ele já lhe deu anéis, brincos, roupas, pagou-lhe contas. Mas na hora do sexo ela sempre inventa uma desculpa. Ele é viúvo desde março, ela é viúva desde 2001. Ou seja, nenhum impedimento para ficarem juntos. Ela diz que tem 20 anos que não dá uma trepada - alguém acredita nisso? - e que por esse motivo já deve estar virgem novamente. Ele conta que, quando é para ela ganhar alguma coisa, está sempre alegre e disposta; quando ele fala em fazerem sexo, ela sempre fica zangada e faz inúmeras cenas. Mesmo que tudo que ela dissesse fosse verdade, podia pelo menos dizer logo que não quer fazer sexo com ele e encerrar a questão - e a relação. Mas enrola, adia, promete... e no dia há sempre um impedimento.

Ela poderia dar um tempo na relação, até se considerar preparada. Mas não o faz, porque deve gostar tanto de dinheiro quanto eu. Por isso eu não aceito o nome de prostituta. Não tenho preconceitos com a palavra, mas apenas com a conotação ofensiva que ela tem. Eu ganho o meu dinheiro mas não engano ninguém. Não prometo amor, não traio ninguém, nem preciso inventar nada. O homem sabe que para me comer ele tem que me pagar. Sabe que não é o único que paga para me comer. Mas o que mais existe por aí é a prostituição disfarçada. Pessoas ditas sérias que se relacionam com as outras em troca de algo que querem. Não me sinto mais prostituta que elas.

Essa "senhora" anda a fazer-se de santa à toa, porque ele já sacou qual é a dela. Não manifestei para ele a minha opinião sobre o assunto. Apenas ouço, apóio afirmativamente com a cabeça e repito o que ele diz. Se ela soubesse o quanto é fácil fazê-lo gozar, talvez não estivesse fazendo esse drama todo.

Foi justamente com esse pensamento que ele convenceu-me a aceitar a prenda. Disse que eu não era inferior, e que já tinha feito muito mais por ele do que qualquer outra mulher "séria". Afinal de contas, o que eu faço não é apenas uma operação geométrica de saber o quanto devo abrir as pernas. Às vezes é necessário convívio, uma palavra amiga, etc. Nem de longe sou o tipo de mulher convencida. Sou uma mulher bonita e gostosa, mas mulher bonita e gostosa tem em tudo quanto é lado. Não manteria os meus clientes apenas pelos meus belos olhos.

Ele pagou a prenda e, a caminho do carro, perguntou-me:
- Afinal não ficou tão caro, pois não?
- Não, não ficou.


Nunca é caro quando o dinheiro não é o nosso.



Paula Lee.


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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