Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Eu, indecisa? Não tenho a certeza!


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Estava toda empolgada com essa ideia de ir para Lisboa, mas agora, depois de passar 2 horas no telefone com a minha amiga D., - acabei com o crédito do telemóvel dela inteirinho, e agora, 3 da manhã, tento carregar o seu telemóvel e o site do banco está fora do ar :-/ - fiquei um pouco desanimada. Ela me contou histórias horríveis que me deixaram um pouco acabrunhada. A D. tem 42 anos, é uma pessoa maravilhosa, uma das mais maravilhosas que conheço. Trabalhou na noite algum tempo, hoje tem uma filha e encontrou uma pessoa que tem demonstrado em actos retribuir o mesmo sentimento. Quebrou a cara algumas vezes, dando demais, entregando demais, amando demais, mas é caindo que se aprende a levantar. Ela me ligou para pedir conselhos, porque, não estando perto, posso dar uma opinião mais imparcial.

As minhas outras amigas, que conheci através da D., não querem ir comigo. Têm medo de não dar certo, porque os gastos em Lisboa seriam maiores. Eu já havia pensado no assunto. Onde moram, elas pagam um pouco mais do que a metade do que eu pago aqui sozinha, dividem por três, e ainda reclamam que o preço é alto. Mesmo assim, calculando bem, eu ainda tenho outras despesas que elas não têm. Fora que além disso eu também estudo, e não estou disponível 24h por dia para atender clientes. Mas me safo muito bem, é verdade. Em comparação às inúmeras garotas que conheço, sempre trabalhei muito bem em qualquer lugar. Todos dizem que tenho um excelente corpo e uma cara muito gira, mas não é disso que me gabo. Nem de longe sou uma pessoa convencida e até tenho dificuldade em fazer auto-apreciações à minha própria pessoa. Não sou do tipo que diz: «Antes eu era convencida, agora eu sou perfeita!» Não, não, não. Pode-se dizer que é fundamental ter bom aspecto nesse "mundo da noite", mas não é apenas isso que mantém a clientela.

Mas eu não queria que elas fossem pelo facto de querer dividir as despesas, porque como salientou a própria D. quando conversou com elas, eu não preciso disso, nem nunca precisei. Queria que fossem pela companhia. Elas faziam o delas e eu o meu, e com mais meninas sempre acaba atraindo mais clientela, porque, como trabalho sozinha, nem sempre tenho como ter tempo para toda gente à hora que querem. Queria que fossem porque acho terrível a ideia de ver amigas, amigas de verdade, as poucas que tenho, mas verdadeiras, terem que se submeter à esquemas perigosos.

Mas algumas dessas amigas têm namorados, e aposto que é por isso também que não quiseram pensar muito no assunto.

Em segunda hipótese venho pensando nas Caldas da Rainha, que, na minha modesta opinião, é uma das mais belas cidades de Portugal. E não fica muito longe daqui, nem muito longe de Lisboa. Sem contar nas vantagens de já possuir alguns clientes por lá. E também, claro, por ter lá um cliente-amigo-do-peito, o Dr.J., que é pau para toda a obra.

Por outro lado penso: por que afinal quero sair daqui se tudo me corre tão bem? Tenho uma excelente clientela, tenho o meu canto, a minha paz, o meu sossego, a minha rotina, as minhas aulas e inúmeras coisas das quais eu seria obrigada a me afastar por causa da mudança.

O que me apoquenta é saber que dentro em breve, talvez na segunda-feira, o meu senhorio já venha aqui pegar o cheque da renda. Se eu pago esse mês, só posso me mudar em fevereiro, por causa do mês do calção. Por isso, se eu tiver que resolver algo, tem que ser rápido.

Oh indecisão, por que me tomas?



Paula Lee


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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