Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> 'Pós-Natal'


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Esse Natal foi uma verdadeira caixinha de surpresas.

E foi delicioso. Apesar de algum alvoroço, foi uma maravilha.

Pensei até em aproveitar para trabalhar, mas estava tão gostoso aquele clima de envolvência e amizade que acabei preferindo desligar o telefone, só ligando por alguns minutos para ler algumas mensagens natalinas. E acabei voltando um dia depois do previsto.

Aconteceram algumas coisas ruins.

A primeira delas foi a grande briga, depois da festa de Natal, no dia 24 para o dia 25, da minha amiga M. com o namorado dela. Estava na cama com o Gatito, um amigo deles, quando de repente a M. entra no quarto a chorar, dizendo que o namorado havia lhe dado um tapa na cara. Ela nunca havia me contado que ele batia-lhe, mas eu já tinha ouvido comentários. Acalmei-a, e aconselhei que dormisse conosco. Entretanto, como estava bêbada e também gostava de provocar, foi no quarto onde ele dormia e chamou-o de paneleiro. Voltou para o nosso quarto e estava na cama, quando de repente ele entra, alvoraçado, pega-a no colo violentamente, querendo levá-la para fora, exigindo que saísse da casa dele. Logo levantei-me da cama e puxei pela cintura dela, puxando-a para mim e dizendo para que ele a largasse. O Gatito segurou no namorado da M., mas ele não parava de puxar-lhe o cabelo. Juro que tive vontade de bater no gajo! Ela é minha amiga mas eu sei os defeitos dos meus amigos também - assim como sei os meus - e sei que ela provocou, mas nada justifica a violência! O Gatito conseguiu acalmar a situação. Nisso o primo do Gatito, que até então estava dormindo no colchão desse mesmo quarto, acabou acordando, meio abobado com aquilo que acontecia.

A M. batia o pé que iria ficar ali, e dormiria até o dia seguinte, mas eu disse para ela que iríamos embora, e que, se ela tivesse pelo menos um pingo de vergonha na cara teria que ir comigo. Eu tremia, de tanto nervoso. Não havia mais táxi, e nem cogitaria a hipótese de ligar para o T.C., o gajo que me levou para o Fundão. Ele já havia estado conosco na festa - aliás, ele não saiu do meu pé desde o momento que me levou - e quando foi embora perguntou se eu queria ir e eu disse que ficaria. Apenas levou a P. e o namorado dela, e nós ficamos.

Comecei a arrumar as nossas coisas e viemos embora, 6 da manhã, a pé. Sem que pedisse, o Gatito e o primo dele nos acompanharam. Estava frio e meu salto já fazia meu pé doer, mas tudo era preferível a ficar naquele lugar. Não suporto violência! No meio do caminho a M., que já tinha chorado e soluçado muito até então, cismou de dar um trago no charro do primo do Gatito. Eu tentei persuadi-la a não fazê-lo, mas depois disse que ela era maior e vacinada, pois sabia que não conseguiria convencê-la. Avisei-lhe que se ela ficasse doidona, iria enfiar a cabeça dela na privada quando chegássemos na casa da D. A sorte foi que a D. havia deixado a chave de casa comigo! Mas ela não ficou doidona, porque ele só deixou que ela desse um trago, e ela já estava demasiado bêbada.

Dia 25 a D. foi almoçar com a sogra, o marido e a filha. Fomos para o café, onde marcamos de encontrar às 15h com o Gatito e o primo dele, e ficamos lá a beber. A M. bebeu ainda mais, e ficou mais bêbada que no dia anterior. Conversei muito com ela sobre a situação passada. Apesar de nada justificar a violência, parte dessa culpa é dela. Uma mulher que deixa um homem bater-lhe uma vez, abrirá a oportunidade para que ele sempre o faça. Fui dura com ela, dizendo que, caso ela volte para ele, que não me conte, que eu não quero nem saber. «E se você voltar para ele, eu vou mandar você tomar no cu!» - eu disse-lhe, sabendo que sendo muito meiguinha ela não me ouviria. «E tem mais: se vocês voltarem e por acaso eu acabar vendo ele te bater de novo, eu volto nele e peço para que te bata mais, porque aí é falta de vergonha na cara tua!!!». Ela tem 10 anos a mais que eu, é bonita, meiga e muito querida, e não precisa de passar por isso.

Todos pareciam surpreendidos a me ver aos beijos com o Gatito. Já estive no Fundão algumas vezes, e sou conhecida por ser uma "mulher difícil". O W.G. ressaltou isso na festa na casa do ex da M., porque ele também tentara ficar comigo certa vez, mas o máximo que conseguiu tinha sido segurar na minha mão enquanto descíamos uma rua, para que eu não caísse. Os clientes pareciam surpresos, como se não fosse possível uma garota de programa estar com um homem simplesmente pelo prazer da companhia dele. Como se o normal fosse apenas ir para a cama com um gajo por dinheiro, ou andar com um gajo por dinheiro, mas iludindo-o com sentimentalidades. O Gatito não deixou que eu pagasse nada, nem mesmo que dividisse a conta das bebidas, e ainda pagou a conta da M. Quando nos viram sair juntos, fiquei sabendo que o T.C. disse para a D.: «Ele embriagou-a, coitada! Foi por isso que ele conseguiu levá-la». Mas durante todo esse tempo, apesar de também ter bebido, eu era a única que nunca ficou embriagada, que sempre estive sóbria e quem inclusive nunca acordou com ressaca no dia seguinte. Mas não foi só por parte de estranhos que veio a surpresa. Até a P. ficou admirada quando me viu com o Gatito. Ela sabe que sou muito selectiva - exageradamente selectiva - e nunca imaginava que um gajo como ele preenchesse os meus critérios. Por acaso preenchia os requisitos principais: bonito, simpático, inteligente, meigo, educado e pacífico.

A segunda parte ruim foi a cena que a M. aprontou, quando saímos do café, convidados pela P. e pelo namorado dela, o A.S., para irmos para a vivenda onde ele morava, para comemorar o resto do Natal. A M., já tri-bêbada, começou a fazer escândalo, batendo com o copo de whisky na mesa. A P. se chateou, porque a vivenda não é do namorado dela, mas do seu chefe, e isso podia incomodar os vizinhos. Chamei a M. para conversar, mas até a mim ela recusava. Coloquei um tom mais duro, de ordem, e ela teve que conversar comigo, enquanto a P. chorava perto da janela. Falei para a M. que ela estava fazendo tudo errado, que compreendíamos o seu sofrimento, mas que ela estava descontando justamente nas pessoas que mais gostavam dela. Explicar algo para alguém que está bêbado não é fácil, mas eu disse-lhe que ninguém estava querendo se meter na vida dela, porque no fundo, o que ela iria decidir a seguir só lhe competia, mas que nós estávamos lá com ela enquanto o namorado devia estar a rir-se nas suas costas. Então ela compreendeu. Mandei que pedisse desculpas à P. e ela o fez. No dia seguinte, quando já estava sóbria, ela ainda levou uma bronca da D. Falei com ela hoje umas 6 vezes, ela estava sóbria, pois tinha ido embora ontem, e parecia decidida a não voltar mais para o namorado.

A terceira parte ruim, aliás, péssima, foi que o primo do Gatito foi preso ontem. Estava no Acrópole com um amigo quando um policial - ou sargento, não sei - convidou-o para ir até a esquadra. Ainda não sabe-se exactamente do que está a ser acusado. Ouvi falar que era de vários crimes. Ouvi que era por ter estuprado uma policial e por assalto a um multibanco. Se estuprou, há como fazer um exame e provar. Se assaltou um multibanco, pelo que sei existem câmeras internas que também o provam. Entretanto, duvido que ele tenha feito isso, apesar de ser um gajo um pouco louquinho. Ele esteve conosco o tempo inteiro, sempre perto de mim e do Gatito a tocar violão ou a dançar. Só não esteve conosco quando fomos para a vivenda, porque tinha ido para uma outra festa com o "ex"-namorado da M. Era muito pouco tempo para ele ter cometido tantos crimes, porque ele só tinha chegado no sábado, pois antes vivia em Lisboa. Já arrumaram um advogado, mas ainda ninguém disse nada, e tudo o que sabemos são boatos. O que sabe-se é que ele vai permanecer preso durante três meses, até o julgamento, sem sabermos ao certo por qual crime ele está ali preso. O Gatito conversou com ele, e disse que ele não fez nada, pois conhece-o desde a infância e sabe que sempre que ele apronta algo acaba lhe contando. Parece-me apenas um gajo que gosta muito de curtir a vida, por vezes exageradamente, mas não me parece o tipo de fazer essas barbaridades.

Mas fora isso o Natal foi muito bom. O clima foi muito animado. A D. está feliz e animadíssima, amando e sendo amada. A festa na casa do ex da M., até certo ponto, foi muito divertida. Dançamos, cantamos, e bebemos muito na "caneca da felicidade", que era uma caneca com whisky e red bull onde todo mundo bebia. A festinha na vivenda também correu muito bem, e no dia seguinte ainda comprovamos os dotes culinários do namorado da P. Igualmente importante foi ter conhecido o Gatito, uma pessoa linda e muito querida. Hoje quando nos falamos à noite ele me disse algo muito profundo: falou que nesse tempo todo que já passou em Portugal, esses dois dias que esteve comigo foram os melhores que teve até então.

O namorado da P. tinha nos convidado - à mim e ao Gatito - para dormir na vivenda ontem, mas eu recusei. Ele preenche muitos dos meus critérios, mas não estou a fim de me envolver emocionalmente, o que poderia acontecer com a convivência. Além disso, detesto despedidas, considerando-as completamente dispensáveis. Preferi ficar com a D. e ajudá-la nas limpezas ou a cuidar da filha dela, enquanto conversávamos, já que não tivemos muito tempo para isso. Dormimos depois das 2:10 da manhã.

Hoje eu viria de comboio, mas teria que fazer 4 ligações, então preferi vir de autocarro. O T.C. ofereceu-se novamente para me trazer ontem, mas eu recusei, como é óbvio.

Demorei 6 horas a chegar em casa. Quando cheguei, vi que o vidro da porta do prédio estava partida. Logo imaginei que podia ter sido um assalto, ou algo parecido, e corri para o meu andar, mas estava tudo igual. Provavelmente foi algum bêbado que quebrou a porta, nesses dias de festas natalinas.

E agora cá estou, até dia 30, quando darei uma pausa novamente, até o dia 02, para as comemorações da passagem do ano.

Paula Lee


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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