Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Um dos meus melhores clientes


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Comecei a tarde bem, atendendo o L.S., um dos meus melhores clientes.

É um cliente fixo e regular, mas que não aparece mais do que duas vezes por mês. Mora mais perto de Lisboa do que daqui.

É um apaixonado por carros, assunto esse em que eu sou uma completa ignorante, do tipo que mal sabe reconhecer o que é um pneu, mas ele me ensina muito sobre isso. (Oh, eu não sou assim tão ignorante, mas não sou apaixonada por automóveis. De qualquer forma, adoro ouvir seus comentários, sempre com um entusiasmo contagiante!)

Tem uma empresa bem estabelecida, e muitas vezes é comum seu telefone tocar enquanto estamos no "pré-foda". Logo a seguir ele desliga o telemóvel, depois de estar a tratar de negócios enquanto eu me mantenho quieta.

Nunca nego um programa para ele, a não ser que tenha algo já marcado e confirmado. Sempre que me liga está a caminho, dizendo que pode demorar uns 30 ou 40 minutos. Eu espero, porque, se marcasse algum outro programa naquele tempo, podia acabar atrasando e não poder atendê-lo. E é sempre melhor atender alguém com quem a gente gosta de estar e sabe como vai ser do que apostar no escuro.

Deve ter 40 e poucos, veste-se bem, está sempre perfumado e tem a pele que é uma seda. Suas mãos macias me acariciam como uma pluma.

Primeiro conversamos bastante, sobre todos os assuntos, e só depois vamos "ao que interessa".

Ele gosta muito de chupar o meu peito e é dos que chupam bem. Depois que ele descobriu a posição que mais gosto de ficar com ele, nunca mais fez questão de mudar. É do tipo que se importa com a mulher ali na cama. ( Muitas vezes as pessoas me ligam e perguntam qual é a posição que eu mais gosto. Pode existir para várias mulheres, mas para mim isso não existe. Só vou saber que posição eu mais gosto quando estiver com o homem na cama. Uma posição pode ser deliciosa com um homem, e com outro homem talvez uma outra posição seja a mais agradável. Preciso de falar sobre isso aqui, um outro dia. O importante é que experimentem bastante, até encontrar posições que sejam estimulantes para os dois.)

Enquanto estou por cima dele, bem grudada, sentindo seu corpo macio e cheiroso no meu, ele costuma acariciar minhas costas com os dedos, fazendo eu sentir um relax por todo o corpo. ( Já gozei algumas vezes com ele ). Começamos sempre bem devagar, e só depois que vamos acelerando o ritmo, até ele não aguentar mais e gozar.

Não considero-o como um cliente. Aliás, detesto a palavra "cliente", que em geral não se encaixa com o atendimento que eu faço, e com as intimidades que trocamos entre as quatro paredes do meu quarto. Considero como um amigo, ou um amante, que me dá uma ajuda em troca do meu tempo. Porque para um homem como ele, não é sacrifício nenhum entregar o meu corpo.

Como é um cliente muito antigo e muito íntimo, não peço o dinheiro antes. E como ele é um cavalheiro, nem costuma me dar o dinheiro em mãos, para não criar aquela imagem do «você me serviu, agora toma lá o seu pagamento». Ele só diz assim: «Está aqui», enquanto eu me visto, e deixa o dinheiro na cabeceira.

Quando ele vai embora e vou pegar o dinheiro, sempre tem uma boa gorjeta. Hoje por exemplo, tinha 75% a mais do que o valor do programa.



Paula Lee.


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Creative Commons License
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