Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> 7 notícias sobre a prostituição


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Sete novas matérias apareceram recentemente no Correio da Manhã:

1) Sexo até ao fim

De tudo o que já saiu até agora sobre a Verli, talvez seja essa a matéria com o teor e a abordagem mais humanista. O G. havia me avisado que essa matéria saiu no Domingo, juntamente com o jornal, no domingo retrasado.

Desde o primeiro parágrafo que a matéria ganha um tom dramático, que se repete várias vezes ao longo do texto.

Gostei da matéria, até cheguei a admirar a Verli pela sua fibra e pela sua determinação, mas duas coisas me desagradaram:
a) O valor do "investimento" em anúncios por uma semana, excepto que ela não anunciasse no mesmo jornal que eu, parece-me incorrecto. Nem o valor sem IVA daria apenas aquela quantia.
b) Achei uma puta sacanagem terem colocado a foto dela. ( A vantagem do meu trabalho é que posso falar palavrões livremente, e usar um linguajar do mais baixo nível que conseguir, que não soa fora do "natural" ). Independente do que tenha acontecido, independente do seu papel de mocinha ou vilã, a mulher tá morta, caralho! Desrespeito mesmo. Só falta dizerem que foram num centro espírita conversar com a Verli e que ela mandou uma mensagem psicografada pedindo para publicar a fotografia. É apenas a minha insignificante e sarcástica opinião, evidente. E compreendo. Juro que compreendo muito bem. Compreendo que uma pessoa pode até querer ser ética e respeitadora, mas que sofre pressão por todos os lados. Pressão das pessoas que devem estar querendo saber qual a cara da menina que andou infectando os homens com SIDA ( talvez para ter certeza: «Ah, sim, foi com ela mesmo que eu fui para a cama sem preservativo, estou mesmo fodido!» ). Pressão dos chefões e agora não quero nem vou falar muito deles. Pressão da concorrência, pois, afinal, se eu não publicar outro chega primeiro e publica, e daí vendo meia dúzia de jornais a menos.


2) Verli queria vingar-se dos homens

Essa eu li cedo, no dia que foi publicada, e o G. nem precisou de me avisar. Fiquei barbarizada com a matéria.

Segundo uma tal "amiga", a Verli sabia que tinha SIDA há cinco anos e tinha como objectivo se vingar de todos os homens, depois de ter sido infectada pelo namorado.

Eu não sou tão ingênua. Eu sei que "gente" é um bicho muito desumano. Eu sei que as pessoas podem ser cruéis, ordinárias, malévolas, sórdidas, vingativas, escrotas, asquerosas, frias, sádicas, calculistas, débeis, fracas, transgressivas, atrofiadas, perniciosas, cretinas, perversas, etc, etc, etc e mais outra centena de etc.

Eu não tenho o desenho do perfil psicológico da Verli em mãos, e nem estou aqui para defendê-la ou julgá-la, mas não me pareceu muito lógica essa versão. Minha suspeita oculta, de que ela tinha sido infectada por um namorado e não por um cliente, parecia certa. Mas, veja só: se uma mulher é infectada pelo namorado e fica com raiva por ele continuar a fazer vida solta na cidade, de quem que teria vontade de se vingar? Dele, não seria o mais óbvio? Por que se vingar dos homens que nada têm a ver com isso? Imaginemos uma hipótese: se a mulher sabe que está infectada, um cliente chega e pede para fazer sexo sem preservativo e ela aceita, até aí consigo compreender seu raciocínio. Foi ele que pediu, então ele que arque com as consequências. «Bem feito, se fodeu e ainda pagou por isso.» - era o que pensaria a seguir. Mas entender que seu objectivo principal era infectar o maior número de homens possíveis não me parece concebível, apesar de voltar a repetir que as pessoas podem ter uma quantidade infindável de defeitos e falta de escrúpulos. Para isso ela não precisaria de ficar aqui 5 anos depois de saber da doença. Para isso ela não precisaria nem de se prostituir.

Mas essa versão "vende" muito mais. Cadê o tal namorado, já foram atrás dele?

3) Legalização pode facilitar controlo da Saúde Pública

Quantas e quantas vezes eu não li matérias que defendem a legalização da prostituição? Eu ainda não tenho uma opinião formada, aprovada e certificada sobre o assunto. Necessito de dados mais precisos. Um dos argumentos que usam para a legalização da prostituição - e debate voltou por causa da morte da Verli - foi a saúde pública. Li um dia uma outra matéria dizendo que uma menina tinha ido fazer exame, mas pediram o cartão de utente e ela não mais voltou, então concluíram que ela era ilegal. Já estive ilegal no país, assim como muitas amigas minhas estão, e isso nunca foi problema para fazer exames. Constantemente atribuem a culpa da SIDA à prostituição. Não posso falar por todas pessoas, como é evidente, mas pelo grupo que conheço e convivo, somos as que mais temos protecção no que diz respeito ao sexo. "Sem protecção? Sem sexo!"

«Inês Fontinha considera a prostituição uma forma de escravatura, lamentando, nesse contexto, que a responsabilidade sobre a transmissão de doenças infecto-contagiosas seja quase sempre atribuída à mulher. “Se o homem é o comprador e pode impor as regras, porque é que culpam sempre as mulheres?” »

Não conheço essa Inês Fontinha, mas levanto-me agora para aplaudir de pé. O homem pode impor regras. Agora vai dizer que a mulher encostou uma arma na cabeça dele e ordenou que não usasse preservativo.

E se eu ainda não tenho uma opinião formada sobre a legalização da prostituição, é porque não sei se serei eu a ter mais vantagens.

4) Legalizar prostituição não ajuda

Boa matéria, ou melhor dizendo, boas respostas do Dr. Henrique Barros.

Me digam que querem legalizar a prostituição para encherem mais os cofres públicos, mas não me digam que é por causa de controles das doenças, que nisso eu não acredito.

Sabe o que pode acontecer se a prostituição for legalizada e não oferecer vantagens para as "garotas de programa"? Deixaremos de ser "prostitutas" e passaremos a "amantes profissionais". Deixaremos de vender o sexo à hora e teremos amantes fixos. Um que pague a renda, outro que pague as contas, outros que nos comprem o que precisamos, etc. Namoradinhos. Afinal, segundo a mentalidade social, esse segundo exemplo não recebe o nome de "prostituição".

«As empresas do ramo são obrigadas a promover o sexo seguro e a estimular as prostitutas/os a realizar exames periódicos para despistagem de doenças. Os controlos médicos são voluntários e devem ser feitos quatro vezes por ano.»

Não existe isso de uma "empresa de sexo" obrigar uma menina a se prevenir. Os donos dessas casas não estão dentro do quarto abrindo a perna para homem nenhum. Só querem saber do lucro, e para eles é o que basta. Estão se lixando para todo o resto! Geralmente eles querem estar livres de qualquer responsabilidade. Se menina fizer sexo sem preservativo com cliente, a culpa será sempre da menina. Ou seja, é a mesma coisa do jeito que é hoje, sem precisar de legalização nenhuma. Através do trecho acima, vejo que a legalização facilitaria, principalmente, era a vida aos chulos.

5) Prostitutas controladas através de rádios

«Um grupo de prostituição que usava walkie-talkies, que interferiam em comunicações militares, foi identificado na zona industrial de Vila Nova da Barquinha pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e pela GNR, que apreendeu seis aparelhos portáteis de radiocomunicações ilegais.»

Matéria bem curta, quase resumida. Me desculpem as portuguesas, e agora tenho que enfatizar aqui que não tenho nada contra as "garotas de programa" portuguesas, ou qualquer outra, de qualquer nacionalidade. Aliás, a primeira amiga que eu tive "na noite" era portuguesa, uma das "garotas de programa" que mais me marcaram desde que iniciei essa actividade, e um dia tenho que falar sobre ela aqui. O que eu só iria dizer era que, se as "garotas de programa" em questão nessa mini-matéria fossem brasileiras, logo teriam 3 páginas no jornal.

6) Anúncio à prostituição nos muros da GNR

Essa é boa.

Onde? Em Braga.

«Ao que foi possível apurar, cada vez mais são mais as prostitutas – portuguesas, brasileiras e de Leste – que vão para aquela zona à ‘caça’ de clientes.»


7) Travada farmácia ilegal sobre rodas

«A Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE) detectou na semana passada, em Braga, um indivíduo que se dedicava à venda ilegal de medicamentos, a partir da sua viatura, tendo por clientela ‘preferencial’ pessoas ligadas ao negócio da prostituição.»



Vai um Viagra aí????

Alegria de impotente dura pouco.



Preciso agora de um p.s.:

Noto frequentemente que muitos - sem generalizar, não são todos - jornalistas costumam colocar muito das suas opiniões pessoais nas matérias. E brigam por um tema, como quem quer impor a verdade, esquecendo que o papel do jornalista é mostrar a realidade, as várias faces da mesma moeda, deixando que o público tire suas próprias conclusões. Quer dar opinião? Então crie um blog, oras. Mas aqui eu também tenho que fazer uma ressalva e elogiar o papel fundamental da comunicação social que também já ajudou em muitos casos. Um exemplo disso é um caso em que, e eu não vou dizer quando, nem como, nem onde, uma "garota de programa" foi agredida fisicamente numa boîte. Nem sempre podendo contar com a polícia - algumas com medo por estarem ilegais e n'outros casos porque, em algumas cidades, e não posso dizer que isso se passa agora porque já não trabalho em boîtes, segundo consta, ou segundo fui informada, a polícia era comprada - só restava contar com a comunicação social, que foi muito prestativa nesse sentido.



Paula Lee


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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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