Ainda estou à procura de apartamento em Lisboa. Fiz alguns contactos, mas ainda não tenho nada acertado. Tenho algumas pessoas que estão me ajudando nisso. Não é tarefa fácil encontrar um apartamento para trabalhar. Preciso de um apartamento mobilado e que tenha dois quartos, porque uma amiga está interessada em ir comigo. Mesmo se fosse trabalhar sozinha, sempre preferimos por apartamentos com mais de um quarto porque não costumamos dormir na mesma cama que trabalhamos. Sempre tenho que analisar a localização, saber quantos apartamentos são por andar, para não correr o risco de, apesar de todo o cuidado, o cliente tocar na porta errada. Não é por fazer esse trabalho que vou querer um apartamento caro, pois não trabalhamos só para pagar contas. O que eu moro actualmente é bem caro em comparação aos apartamentos do resto da cidade, mas continuo aqui porque é tranquilo e tem um bom estacionamento. Além disso, também porque tenho uma boa relação com o senhorio. Existem 99,9% de chances de que ele saiba o que eu faço, mas é um senhor muito elegante, muito fino, muito educado, muito distinto, muito cheio de classe, muito Homem de verdade, e por isso nunca tocou no assunto, e me trata sempre com muito respeito e consideração. Ao contrário do dono da imobiliária, que quando me entregou a chave veio logo me perguntar se eu traria minhas amigas e se elas eram "boas" como eu.
E por que Lisboa? Porque tenho muitos clientes de Lisboa e porque a maioria deles são muito queridos e carinhosos comigo.
Por que não continuar aqui? Podia continuar, está tudo muito bem, mas existem fases da vida em que ansiamos por mudanças. ( Assim como também existem fases em que acontecem mudanças que não pedimos por elas ).
Algum tempo atrás apareceu um gajo no msn que diz ter apartamentos em Torres Vedras, um t1 e um t2, que estão vagos. Só não fui pra lá porque o trabalho que faço obriga-me a ser desconfiada. Até que a voz dele transmitiu-me uma coisa boa pelo telefone, mas a desconfiança me persegue.
E piorou ainda mais quando ele sugeriu que no primeiro mês podia lá ficar de graça. "De graça" relativamente, porque eu teria que pagar com o corpinho, o que, através dos meus olhos, sairia muito mais caro para mim. É sempre preferível dar o valor da renda do que ter que ir para a cama com um gajo. Oh, não me interpretem mal, não quer dizer que o sexo seja ruim. Mas trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Ir para a cama com ele pelo apartamento me colocaria numa posição de desvantagem. Mesmo que tratasse: «Não, eu pago a renda e depois, se você quiser, me paga um programa» haveria sempre ali uma relação forçosa. Se ele fosse um cliente chato, daqueles que a gente foge por todos os meios para não atender, sentiria sempre aquela obrigação: «Ah, se eu não fizer programa com ele, em breve terei que me mudar de apartamento.»
Conversei com ele no msn à noite, mas pensando bem agora, é uma sinuca de bico. E não gosto de nenhuma sinuca de bico.
Não dá para trabalhar sem me sentir livre.
Vou deixar o tempo passar, e esperar para ver que mudanças me aguardam.
Paula Lee.
«Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós.
Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.
Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.
Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:
1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
2- Me trate bem que ganhas um cliente.
3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.
Minhas respostas são as seguintes:
1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princÃpios.
2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
3- Pouco me importa a aparência fÃsica ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convÃvio, relax e prazer.
Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.
Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.
Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»