Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Bruna Surfistinha no Jô Soares


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Li no blog da Bruna Surfistinha que ela tinha sido entrevistada no Programa do Jô Soares. Como sei que aqui os programas passam atrasados, fui logo conferir a programação do GNT.

Então lá estava: o programa seria exibido hoje, às 22h. Como teria um "compromisso" nessa altura, programei o vídeo para gravar. Assisti agora a entrevista.

O programa será "reprisado" dia 23, ou seja, já hoje, às 4:30. ( Eu acho, mas qualquer dúvida é só conferir no site do GNT ).

Se não conhece a Bruna Surfistinha, não se acanhe. Eu também não conhecia, e a maioria das minhas amigas ainda não conhecem. ( Não chegam assim tantas notícias do Brasil, por isso, só devido à internet que vim a conhecê-la ). Agora ela é uma ex-garota de programa.

Eu visito o blog dela regularmente, e até já lhe enviei um e-mail, na altura em que apenas tinha o blog 4 paredes. Contei-lhe que escrevia contos eróticos. Posteriormente ela disse no blog dela que estava pensando em escrever contos eróticos para dar uma apimentada depois que se "aposentasse". Não sei se foi depois de ler o meu e-mail ou se foi telepatia escorpionina ( ela também é do signo de escorpião ).

Depois que a conheci pelo blog, passei a admirá-la muito. Agora ela deixa de ser a Bruna Surfistinha e prefere ser chamada pelo seu nome verdadeiro, Raquel. Ela fez uma coisa que nunca eu seria capaz de fazer, e que duvido que minhas amigas também tenham coragem, que foi dar a cara pelo seu trabalho. Não porque tenha uma enorme vergonha do que faço, repudie o meu trabalho ou considere um acto indecoroso, porque afinal é meu ganha-pão, mas porque tenho que preservar a minha família. As nossas famílias não têm culpa nem são responsáveis pelas nossas escolhas. ( Se é que isso pode ser considerada uma "escolha". Quando eu era criança eu não dizia assim: "Ah, mamãe, quando eu crescer eu quero ser puta!" )

O que mais admiro na "Bruna Surfistinha" é que ela mostrou o lado humano das garotas de programa, uma face que poucos conheciam.

Seu livro, "O Doce Veneno do Escorpião", ainda não chegou por aqui, mas pretendo comprá-lo.



Paula Lee.


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  • I'm Quatro Paredes
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  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Creative Commons License
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