Prostituta, garota de programa, acompanhante, cortesã, amante profissional, rameira, mulher da noite, meretriz, quenga, menina de convívio. São muitos nomes para a mesma função: terapeuta sexual. Porque, na realidade, uma mulher que trabalha com sexo não trabalha apenas com sexo.



=> Excertos de um dia


29.11.05

9:00 o despertador toca. «Não, só mais um bocadinho!» Aconchego-me no edredon. Olho novamente para o relógio: 9:35. «Mas a cama me sabe tão bem!!!» 10:05: «Tenho que me levantar. Tenho que me levantar. Vai ser agora. Pensando bem, só mais um bocadinho, mas vou manter os olhos abertos.» Acabei fechando os olhos. Apesar de muito sonolenta, os pensamentos demonstram alguma lucidez: «Por que fiquei a ler até tão tarde ontem? Tenho mesmo que me levantar, tenho um cliente às 11h!»

10:35 saio bruscamente da cama, sem dar tempo para ser invadida por qualquer pensamento. Separo uma roupa enquanto espero que a água na banheira esteja bem quente. Banho. Está demasiado frio para colocar um vestido. Escolho uma calça e um t-shirt bem decotada.

11:03 o tal cliente me liga para eu dar a localização. Eu não estava muito confiante que ele viria, pois tinha marcado por e-mail, e nunca se pode confiar 100% em alguém que marca por e-mail mas não liga pelo menos para saber se você tem uma voz sexy. Ou pelo menos para especular se você não é um travesti.

Dois minutos depois o telefone toca. Era a D., ligando do telefone da P., pois estava sem saldo. Eu fiquei de enviar-lhe umas cópias de um e-mail que eu recebi por ela. Moram perto da Covilhã e não têm internet em casa. Me disse então que se eu enviasse até o meio-dia pelo correio era capaz de chegar no dia seguinte. Mas eu tinha um cliente às 11h, e talvez fosse por uma hora.

- Uma hora? E não é massante ficar com um cliente uma hora?
- Não... Eles costumam ser bonzinhos, e em uma hora sempre dá para fazer um programa legal, mais às calminhas.


Interrompi-a, dizendo que depois lhe ligava, porque tinha uma segunda chamada em linha. Era o cliente. Informei o número da porta e ele subiu.

Perguntei-lhe o nome, pois seu nick é muito estranho. Chamamos-lhe M.P. Bonito. Corpo atlético. Calvo. Sorrisos feitos com a boca e com os olhos. Não deve ter mais do que 30 anos. Talvez 28. É engenheiro. Parece que essa é a semana dos engenheiros.

Disse que eu era muito bonita e faladora. ( Merci ). Quando perguntei quanto tempo ele queria, disse: «Não sei quanto tempo já estou aqui, mas queria que fosse por uma hora.» «Oh, não se preocupe. Eu não começo a contar o tempo desde a hora que o cliente chega.»

Ele tinha as mãos geladas. Comecei a abraçá-lo de pé e ele me abraçava também, passando as mãos por cima da minha roupa. Suas mãos continuavam frias, mas já não estavam gélidas. Suas mãos eram atrevidas e gostosas. Com uma mão segurava nas minhas costas. Com a outra, ora apalpava meu rabo, ora apalpava meu peito. Encostei meu corpo bem junto ao seu e senti que seu pau estava duro. Também senti que era grande e grosso.







Sentei no seu colo e fiquei rebolando em cima dele, enquanto ele me apalpava com as duas mãos. Deitei suas costas na cama, e fiquei deslizando meu corpo no seu.

Levantamos e continuamos a nos tocar. Ele abaixou o rosto e deu uma chupadinha no meu peito, que puxou de dentro do meu decote.

Sentei para descalçar as botas. Ele tirou as calças, e ficou só de boxers. Azul marinho, justinho, que sexy! Eu fiquei com a minha cuequinha fio dental e com a minha t-shirt.

Sentei no pau dele e rebolei. Deitei suas costas novamente na cama e fiquei beijando seu pescoço. Puxei-o para que se sentasse e tirei minha t-shirt. Ele gemeu quando encostei meios seios nus no seu peito.

Deitou-se completamente na cama e eu coloquei-lhe um preservativo. Fiz um broche, não muito demorado. Fui para cima dele e meti seu pau dentro da minha cona, e ele disse que eu estava muito apertada. Era o meu primeiro cliente do dia, e afinal, apesar da sua descrença, tem mesmo o pau grande e grosso. Mas não é bruto, é todo meiguinho, e sabe tocar no corpo de uma mulher, o que faz com que a foda seja muito agradável.

Meteu durante alguns minutos e depois mudamos de posição, para que ele ficasse em cima de mim. Eu acariciava o seu corpo com as minhas mãos enquanto ele metia.

Tinha o corpo muito definido, já que pratica desporto. Excepto as pernas, ele tem o resto do corpo todo depilado. Os pêlos do peito são cortados e não tem pêlo nenhum nos culhões.

Depois ele pediu que fizesse à canzana. Eu disse que, como seu pénis era grosso, eu precisaria de usar um gel para não me magoar. Ele assentiu, apesar de ainda duvidar que tivesse um pênis gg ( grande e grosso ). Fiquei de quatro para ele. Ele meteu, meteu, meteu... e gozou.

Faltavam cinco minutos quando ele estava deitado do meu lado e ainda conversamos um bocadinho.

Ele me mandou um e-mail mais tarde, a dizer assim:

"Era só para te dizer... Que foste 5 estrelas... e que aqueles 5 minutos acabaram por ser muito bons... ups não foram 5 minutos... mas pareceram, passou bem rápido!!!"


É verdade. O tempo passou rapidinho.

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Então eu fui para a rua, enviar a carta para a D. Quando cheguei na papelaria para comprar o envelope, me notei que, por um descuido, ou pela pressa, esqueci de levar a agenda, e não lembrava o endereço dela. Liguei-lhe e tomei notas. Fui para o correio, e depois fui numa livraria, comprar mais um livro sobre sexo.

Fiz um lanche no Maringá. Não podia atender muito o telefone, mas resolvi atender uma chamada. Era um rapaz de 20 anos que dizia não conseguir ter prazer com a namorada e por isso queria estar comigo em dezembro. Vou ter que lhe ensinar umas coisinhas ;) .

Entrei numa loja de lingerie mas não tinha nada do meu agrado. Queria uma lingerie vermelha, do mais sexy possível. Mas meu peito é 38/40 e o maior número que encontrava era o 38 e os mais bonitos eram 36, com umas "armadilhas" em silicone que faziam o peito parecer maior. O telefone tocou e era o A.C. Ele havia me contado que um amigo seu perguntou se ele não conhecia alguma menina jeitosa que fizesse programa. Ele falou sobre mim, mas só ia dar o meu número se eu desse autorização - adoro homens educados ! - e eu dei. Mas ainda assim ele esteve um tempo pensativo, porque, conforme ele justificou, era como se estivesse entregando a própria mulher para um amigo. Claro, não é a mesma coisa, mas para ele era como se fosse. Contei que estava numa loja de lingerie, mas ele disse que o amigo só me procuraria por volta das 17:30. Comprei apenas uma cuequinha - apenas porque a moça da loja era muito simpática e não gosto de gastar o tempo dos outros para no fim não levar nada - que, depois que cheguei em casa e experimentei, concluí que não gostei.

Passei ainda numa óptica para buscar uns óculos escuros que deixei para arranjar desde a semana anterior. Como já eram 16:30, achei melhor vir logo embora, para me preparar para o amigo do A.C.

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Cheguei em casa e fui responder ao e-mail do N.V, que não é um cliente. Iniciamos contacto quando ele me mandou um e-mail a me dizer que tinha gostado muito dos meus contos. Continuamos nos falando por e-mail e temos uma relação virtual muito gostosa e sincera.

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Cinco minutos depois me ligou o C., um cliente conhecido. Tem perto dos 50 anos, um bom corpo, bronzeado, e não tem um único cabelo branco. Suspeito que ele pinta o cabelo. Nas primeiras vezes que ele me visitou, sempre trazia o preservativo. Tem receio que a menina pique o preservativo com alguma agulha. Acho muito sensato da parte dele. Uma vez eu até passei aquela luz vermelha nos meus preservativos para mostrar-lhe que eram seguros. E como são da mesma marca que os dele - Control - hoje ele usa os meus. Ele paga o preço mínimo. Por vezes goza no 1º minuto, por vezes goza no 8º. Dessa vez gozou no 8º. Primeiro fiz-lhe o broche. Depois fui por cima dele. Depois ele disse baixinho: «Vira», e fiquei debaixo dele. A seguir ele pediu para fazer de ladinho. Não tirou o pau de dentro de mim e eu coloquei os dois pés no seu ombro direito, e ele ficou metendo assim, até gozar.


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Às 17:35 o amigo do A.C., o O., ligou-me. Disse que estava perto, mas que eu só abrisse a porta 5 minutos depois. Abri a porta e alguém entrou. Mas depois eu ouvi barulho de chaves numa porta, o que significava que quem tinha entrado era algum vizinho. Um minuto depois eu abri novamente a porta e ele entrou.

Era um cinquentão simpático. «O A.C. me disse que você é muito faladora, que é uma menina estudiosa e que lê muito.» Pronto, já tínhamos motivo de conversa por um bom tempo.

Depois começamos o atendimento, pois ele tinha que viajar ainda nesse dia. Pediu o tempo de meia hora. Estávamos pelados ralando um no corpo do outro. Ele beijou meu peito e eu elogiei, dizendo que ele sabia chupar direitinho. Quando passou a mão na minha cona, perguntou se podia, o que achei muito educado, autorizando. Ele parecia ansioso, e seus movimentos eram rápidos. Quando estava na cama, com o pau bem duro, eu comecei a acariciar o seu corpo, sem tocar no seu pénis, para que não gozasse antes de meter. Coloquei o preservativo, fiz um broche básico, fui pra cima dele. Ia foder de leve, mas ele estava com tanto tesão que começou a foder rápido e com força, e gozou rapidinho.

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Ligou um tal de M. dizendo que tem um apartamento mobilado no Areeiro para alugar. Temos ainda que confirmar, pois assim acho que dia 17 vou ver o apartamento. Apesar de ter parecido um telefonema sério, foi anónimo. Pedi que me enviasse um e-mail para que eu possa ter um contacto dele, mas até agora nada chegou.

Ligou depois um homem a perguntar se atendo casais. Falamos sobre o assunto. Me disse que a namorada dele era inexperiente nessas coisas. Então eu questionei se ele tinha conversado com ela sobre esse assunto, porque isso era muito importante para saber como seria o atendimento. Às vezes o homem tem a fantasia que eu faça alguma coisa com a mulher. Nesse caso, queria que lhe tocasse e que também usasse o vibrador nela. Mas, caso ela também não tivesse a mesma fantasia, por mais entusiasmante que fosse para o homem, para ela seria uma pura agonia. Expliquei que não posso fazer nada numa outra pessoa se não for a vontade dela. Assim como não posso meter um vibrador no cu dele caso ele não queira, por mais que fosse esse o tesão dela. Disse que já tinha tudo acertado com ela, que ela estava com vontade etc., e que então depois marcaríamos. Antes de desligar ele perguntou:

- Você não está precisando de meninas?
- Oh, não, eu só trabalho por conta própria!
- Mas não está precisando de ninguém?
- Não, claro que não! Eu não chulo meninas. Não alinho nessas coisas.


Cruzes.

Essa semana também me ligou um rapaz a perguntar se eu atendia casais. Disse que essa semana estava um pouco complicada, mas que talvez na próxima. Falamos sobre detalhes de atendimento e depois ele pergunta:

- E pode também arrumar um homem?
- Para troca de casais?
- Isso.
- Acho que posso arranjar sim...
- É seu companheiro.
- Não. Mas tenho contacto com rapazes, também garotos de programa, que se ofereceram para o caso de vir a precisar.
- Ah, sim... Porque eu estava ligando para também oferecer os meus serviços. Também sou garoto de programa.

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Às 18:30 o "51" ligou a perguntar se tinha disponibilidade para às 19:00. Disse que assim que chegasse me mandaria um toque e, se caso eu estivesse livre, lhe mandasse outro toque e abrisse a porta. Chamo-o de 51 porque é essa a sua idade. Fiquei pasma quando ele me contou. Aparenta 35, 38 no pior das hipóteses. É um homem alto, calvo, com o corpo lindíssimo. Tem o pênis pequeno, e acha que tem o menor pênis do mundo. Sempre que está comigo - tem uma frequência semanal, ou eventualmente quinzenal - diz que seu pênis está cada vez menor. Diz que é da idade e que isso já não presta para nada. Eu digo que não devia menosprezar tanto o próprio pénis. Conto inclusive que já vi outros muito menores, mas ele não se convence. É gostosinho na cama, apesar de muito rápido. Muito mesmo, pois antes do 1º minuto ele goza. Então eu sempre uso truques com ele para demorar um pouquinho mais, variando as posições, trabalhando a respiração, demorando mais nos preliminares, etc.

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O 51 chegou na hora marcada, e o atendimento foi bom. Dessa vez ele resolveu que iria me despir. Acabou concordando que eu tirasse as minhas próprias botas. Depois concordou que deveria ser eu a tirar as minhas meias-calças. A qualquer momento ele concordaria que eu tirasse o resto da roupa sozinha, eu pensava. Mas o resto ele tirou.

Ficamos no sarro e depois fomos à foda.

Como eu previa, no fim ele disse:

- Isso está cada vez mais pequenino. Com esse frio então, agora parece que anda ainda menor.

Ele ainda não acredita que já vi pénis muito menores. Teve um por exemplo que era tão pequeno, mas tão pequeno, que mais parecia um clitóris. Se calhar, meu clitóris era maior que o pénis dele.



Paula Lee.


=> Um dos meus melhores clientes




Comecei a tarde bem, atendendo o L.S., um dos meus melhores clientes.

É um cliente fixo e regular, mas que não aparece mais do que duas vezes por mês. Mora mais perto de Lisboa do que daqui.

É um apaixonado por carros, assunto esse em que eu sou uma completa ignorante, do tipo que mal sabe reconhecer o que é um pneu, mas ele me ensina muito sobre isso. (Oh, eu não sou assim tão ignorante, mas não sou apaixonada por automóveis. De qualquer forma, adoro ouvir seus comentários, sempre com um entusiasmo contagiante!)

Tem uma empresa bem estabelecida, e muitas vezes é comum seu telefone tocar enquanto estamos no "pré-foda". Logo a seguir ele desliga o telemóvel, depois de estar a tratar de negócios enquanto eu me mantenho quieta.

Nunca nego um programa para ele, a não ser que tenha algo já marcado e confirmado. Sempre que me liga está a caminho, dizendo que pode demorar uns 30 ou 40 minutos. Eu espero, porque, se marcasse algum outro programa naquele tempo, podia acabar atrasando e não poder atendê-lo. E é sempre melhor atender alguém com quem a gente gosta de estar e sabe como vai ser do que apostar no escuro.

Deve ter 40 e poucos, veste-se bem, está sempre perfumado e tem a pele que é uma seda. Suas mãos macias me acariciam como uma pluma.

Primeiro conversamos bastante, sobre todos os assuntos, e só depois vamos "ao que interessa".

Ele gosta muito de chupar o meu peito e é dos que chupam bem. Depois que ele descobriu a posição que mais gosto de ficar com ele, nunca mais fez questão de mudar. É do tipo que se importa com a mulher ali na cama. ( Muitas vezes as pessoas me ligam e perguntam qual é a posição que eu mais gosto. Pode existir para várias mulheres, mas para mim isso não existe. Só vou saber que posição eu mais gosto quando estiver com o homem na cama. Uma posição pode ser deliciosa com um homem, e com outro homem talvez uma outra posição seja a mais agradável. Preciso de falar sobre isso aqui, um outro dia. O importante é que experimentem bastante, até encontrar posições que sejam estimulantes para os dois.)

Enquanto estou por cima dele, bem grudada, sentindo seu corpo macio e cheiroso no meu, ele costuma acariciar minhas costas com os dedos, fazendo eu sentir um relax por todo o corpo. ( Já gozei algumas vezes com ele ). Começamos sempre bem devagar, e só depois que vamos acelerando o ritmo, até ele não aguentar mais e gozar.

Não considero-o como um cliente. Aliás, detesto a palavra "cliente", que em geral não se encaixa com o atendimento que eu faço, e com as intimidades que trocamos entre as quatro paredes do meu quarto. Considero como um amigo, ou um amante, que me dá uma ajuda em troca do meu tempo. Porque para um homem como ele, não é sacrifício nenhum entregar o meu corpo.

Como é um cliente muito antigo e muito íntimo, não peço o dinheiro antes. E como ele é um cavalheiro, nem costuma me dar o dinheiro em mãos, para não criar aquela imagem do «você me serviu, agora toma lá o seu pagamento». Ele só diz assim: «Está aqui», enquanto eu me visto, e deixa o dinheiro na cabeceira.

Quando ele vai embora e vou pegar o dinheiro, sempre tem uma boa gorjeta. Hoje por exemplo, tinha 75% a mais do que o valor do programa.



Paula Lee.


=> 7 notícias sobre a prostituição


Sete novas matérias apareceram recentemente no Correio da Manhã:

1) Sexo até ao fim

De tudo o que já saiu até agora sobre a Verli, talvez seja essa a matéria com o teor e a abordagem mais humanista. O G. havia me avisado que essa matéria saiu no Domingo, juntamente com o jornal, no domingo retrasado.

Desde o primeiro parágrafo que a matéria ganha um tom dramático, que se repete várias vezes ao longo do texto.

Gostei da matéria, até cheguei a admirar a Verli pela sua fibra e pela sua determinação, mas duas coisas me desagradaram:
a) O valor do "investimento" em anúncios por uma semana, excepto que ela não anunciasse no mesmo jornal que eu, parece-me incorrecto. Nem o valor sem IVA daria apenas aquela quantia.
b) Achei uma puta sacanagem terem colocado a foto dela. ( A vantagem do meu trabalho é que posso falar palavrões livremente, e usar um linguajar do mais baixo nível que conseguir, que não soa fora do "natural" ). Independente do que tenha acontecido, independente do seu papel de mocinha ou vilã, a mulher tá morta, caralho! Desrespeito mesmo. Só falta dizerem que foram num centro espírita conversar com a Verli e que ela mandou uma mensagem psicografada pedindo para publicar a fotografia. É apenas a minha insignificante e sarcástica opinião, evidente. E compreendo. Juro que compreendo muito bem. Compreendo que uma pessoa pode até querer ser ética e respeitadora, mas que sofre pressão por todos os lados. Pressão das pessoas que devem estar querendo saber qual a cara da menina que andou infectando os homens com SIDA ( talvez para ter certeza: «Ah, sim, foi com ela mesmo que eu fui para a cama sem preservativo, estou mesmo fodido!» ). Pressão dos chefões e agora não quero nem vou falar muito deles. Pressão da concorrência, pois, afinal, se eu não publicar outro chega primeiro e publica, e daí vendo meia dúzia de jornais a menos.


2) Verli queria vingar-se dos homens

Essa eu li cedo, no dia que foi publicada, e o G. nem precisou de me avisar. Fiquei barbarizada com a matéria.

Segundo uma tal "amiga", a Verli sabia que tinha SIDA há cinco anos e tinha como objectivo se vingar de todos os homens, depois de ter sido infectada pelo namorado.

Eu não sou tão ingênua. Eu sei que "gente" é um bicho muito desumano. Eu sei que as pessoas podem ser cruéis, ordinárias, malévolas, sórdidas, vingativas, escrotas, asquerosas, frias, sádicas, calculistas, débeis, fracas, transgressivas, atrofiadas, perniciosas, cretinas, perversas, etc, etc, etc e mais outra centena de etc.

Eu não tenho o desenho do perfil psicológico da Verli em mãos, e nem estou aqui para defendê-la ou julgá-la, mas não me pareceu muito lógica essa versão. Minha suspeita oculta, de que ela tinha sido infectada por um namorado e não por um cliente, parecia certa. Mas, veja só: se uma mulher é infectada pelo namorado e fica com raiva por ele continuar a fazer vida solta na cidade, de quem que teria vontade de se vingar? Dele, não seria o mais óbvio? Por que se vingar dos homens que nada têm a ver com isso? Imaginemos uma hipótese: se a mulher sabe que está infectada, um cliente chega e pede para fazer sexo sem preservativo e ela aceita, até aí consigo compreender seu raciocínio. Foi ele que pediu, então ele que arque com as consequências. «Bem feito, se fodeu e ainda pagou por isso.» - era o que pensaria a seguir. Mas entender que seu objectivo principal era infectar o maior número de homens possíveis não me parece concebível, apesar de voltar a repetir que as pessoas podem ter uma quantidade infindável de defeitos e falta de escrúpulos. Para isso ela não precisaria de ficar aqui 5 anos depois de saber da doença. Para isso ela não precisaria nem de se prostituir.

Mas essa versão "vende" muito mais. Cadê o tal namorado, já foram atrás dele?

3) Legalização pode facilitar controlo da Saúde Pública

Quantas e quantas vezes eu não li matérias que defendem a legalização da prostituição? Eu ainda não tenho uma opinião formada, aprovada e certificada sobre o assunto. Necessito de dados mais precisos. Um dos argumentos que usam para a legalização da prostituição - e debate voltou por causa da morte da Verli - foi a saúde pública. Li um dia uma outra matéria dizendo que uma menina tinha ido fazer exame, mas pediram o cartão de utente e ela não mais voltou, então concluíram que ela era ilegal. Já estive ilegal no país, assim como muitas amigas minhas estão, e isso nunca foi problema para fazer exames. Constantemente atribuem a culpa da SIDA à prostituição. Não posso falar por todas pessoas, como é evidente, mas pelo grupo que conheço e convivo, somos as que mais temos protecção no que diz respeito ao sexo. "Sem protecção? Sem sexo!"

«Inês Fontinha considera a prostituição uma forma de escravatura, lamentando, nesse contexto, que a responsabilidade sobre a transmissão de doenças infecto-contagiosas seja quase sempre atribuída à mulher. “Se o homem é o comprador e pode impor as regras, porque é que culpam sempre as mulheres?” »

Não conheço essa Inês Fontinha, mas levanto-me agora para aplaudir de pé. O homem pode impor regras. Agora vai dizer que a mulher encostou uma arma na cabeça dele e ordenou que não usasse preservativo.

E se eu ainda não tenho uma opinião formada sobre a legalização da prostituição, é porque não sei se serei eu a ter mais vantagens.

4) Legalizar prostituição não ajuda

Boa matéria, ou melhor dizendo, boas respostas do Dr. Henrique Barros.

Me digam que querem legalizar a prostituição para encherem mais os cofres públicos, mas não me digam que é por causa de controles das doenças, que nisso eu não acredito.

Sabe o que pode acontecer se a prostituição for legalizada e não oferecer vantagens para as "garotas de programa"? Deixaremos de ser "prostitutas" e passaremos a "amantes profissionais". Deixaremos de vender o sexo à hora e teremos amantes fixos. Um que pague a renda, outro que pague as contas, outros que nos comprem o que precisamos, etc. Namoradinhos. Afinal, segundo a mentalidade social, esse segundo exemplo não recebe o nome de "prostituição".

«As empresas do ramo são obrigadas a promover o sexo seguro e a estimular as prostitutas/os a realizar exames periódicos para despistagem de doenças. Os controlos médicos são voluntários e devem ser feitos quatro vezes por ano.»

Não existe isso de uma "empresa de sexo" obrigar uma menina a se prevenir. Os donos dessas casas não estão dentro do quarto abrindo a perna para homem nenhum. Só querem saber do lucro, e para eles é o que basta. Estão se lixando para todo o resto! Geralmente eles querem estar livres de qualquer responsabilidade. Se menina fizer sexo sem preservativo com cliente, a culpa será sempre da menina. Ou seja, é a mesma coisa do jeito que é hoje, sem precisar de legalização nenhuma. Através do trecho acima, vejo que a legalização facilitaria, principalmente, era a vida aos chulos.

5) Prostitutas controladas através de rádios

«Um grupo de prostituição que usava walkie-talkies, que interferiam em comunicações militares, foi identificado na zona industrial de Vila Nova da Barquinha pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e pela GNR, que apreendeu seis aparelhos portáteis de radiocomunicações ilegais.»

Matéria bem curta, quase resumida. Me desculpem as portuguesas, e agora tenho que enfatizar aqui que não tenho nada contra as "garotas de programa" portuguesas, ou qualquer outra, de qualquer nacionalidade. Aliás, a primeira amiga que eu tive "na noite" era portuguesa, uma das "garotas de programa" que mais me marcaram desde que iniciei essa actividade, e um dia tenho que falar sobre ela aqui. O que eu só iria dizer era que, se as "garotas de programa" em questão nessa mini-matéria fossem brasileiras, logo teriam 3 páginas no jornal.

6) Anúncio à prostituição nos muros da GNR

Essa é boa.

Onde? Em Braga.

«Ao que foi possível apurar, cada vez mais são mais as prostitutas – portuguesas, brasileiras e de Leste – que vão para aquela zona à ‘caça’ de clientes.»


7) Travada farmácia ilegal sobre rodas

«A Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE) detectou na semana passada, em Braga, um indivíduo que se dedicava à venda ilegal de medicamentos, a partir da sua viatura, tendo por clientela ‘preferencial’ pessoas ligadas ao negócio da prostituição.»



Vai um Viagra aí????

Alegria de impotente dura pouco.



Preciso agora de um p.s.:

Noto frequentemente que muitos - sem generalizar, não são todos - jornalistas costumam colocar muito das suas opiniões pessoais nas matérias. E brigam por um tema, como quem quer impor a verdade, esquecendo que o papel do jornalista é mostrar a realidade, as várias faces da mesma moeda, deixando que o público tire suas próprias conclusões. Quer dar opinião? Então crie um blog, oras. Mas aqui eu também tenho que fazer uma ressalva e elogiar o papel fundamental da comunicação social que também já ajudou em muitos casos. Um exemplo disso é um caso em que, e eu não vou dizer quando, nem como, nem onde, uma "garota de programa" foi agredida fisicamente numa boîte. Nem sempre podendo contar com a polícia - algumas com medo por estarem ilegais e n'outros casos porque, em algumas cidades, e não posso dizer que isso se passa agora porque já não trabalho em boîtes, segundo consta, ou segundo fui informada, a polícia era comprada - só restava contar com a comunicação social, que foi muito prestativa nesse sentido.



Paula Lee


=> Torres Vedras


Ainda estou à procura de apartamento em Lisboa. Fiz alguns contactos, mas ainda não tenho nada acertado. Tenho algumas pessoas que estão me ajudando nisso. Não é tarefa fácil encontrar um apartamento para trabalhar. Preciso de um apartamento mobilado e que tenha dois quartos, porque uma amiga está interessada em ir comigo. Mesmo se fosse trabalhar sozinha, sempre preferimos por apartamentos com mais de um quarto porque não costumamos dormir na mesma cama que trabalhamos. Sempre tenho que analisar a localização, saber quantos apartamentos são por andar, para não correr o risco de, apesar de todo o cuidado, o cliente tocar na porta errada. Não é por fazer esse trabalho que vou querer um apartamento caro, pois não trabalhamos só para pagar contas. O que eu moro actualmente é bem caro em comparação aos apartamentos do resto da cidade, mas continuo aqui porque é tranquilo e tem um bom estacionamento. Além disso, também porque tenho uma boa relação com o senhorio. Existem 99,9% de chances de que ele saiba o que eu faço, mas é um senhor muito elegante, muito fino, muito educado, muito distinto, muito cheio de classe, muito Homem de verdade, e por isso nunca tocou no assunto, e me trata sempre com muito respeito e consideração. Ao contrário do dono da imobiliária, que quando me entregou a chave veio logo me perguntar se eu traria minhas amigas e se elas eram "boas" como eu.

E por que Lisboa? Porque tenho muitos clientes de Lisboa e porque a maioria deles são muito queridos e carinhosos comigo.

Por que não continuar aqui? Podia continuar, está tudo muito bem, mas existem fases da vida em que ansiamos por mudanças. ( Assim como também existem fases em que acontecem mudanças que não pedimos por elas ).

Algum tempo atrás apareceu um gajo no msn que diz ter apartamentos em Torres Vedras, um t1 e um t2, que estão vagos. Só não fui pra lá porque o trabalho que faço obriga-me a ser desconfiada. Até que a voz dele transmitiu-me uma coisa boa pelo telefone, mas a desconfiança me persegue.

E piorou ainda mais quando ele sugeriu que no primeiro mês podia lá ficar de graça. "De graça" relativamente, porque eu teria que pagar com o corpinho, o que, através dos meus olhos, sairia muito mais caro para mim. É sempre preferível dar o valor da renda do que ter que ir para a cama com um gajo. Oh, não me interpretem mal, não quer dizer que o sexo seja ruim. Mas trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Ir para a cama com ele pelo apartamento me colocaria numa posição de desvantagem. Mesmo que tratasse: «Não, eu pago a renda e depois, se você quiser, me paga um programa» haveria sempre ali uma relação forçosa. Se ele fosse um cliente chato, daqueles que a gente foge por todos os meios para não atender, sentiria sempre aquela obrigação: «Ah, se eu não fizer programa com ele, em breve terei que me mudar de apartamento.»

Conversei com ele no msn à noite, mas pensando bem agora, é uma sinuca de bico. E não gosto de nenhuma sinuca de bico.

Não dá para trabalhar sem me sentir livre.

Vou deixar o tempo passar, e esperar para ver que mudanças me aguardam.



Paula Lee.


=> Quatro clientes e o sexo


Alguns atendimentos dos últimos dias:

--- O Desvirginador ---


A.C. deve ter uns 45 anos. Talvez mais. Não muito mais. Aparenta menos. Já me contou qual era a sua idade, mas eu me esqueci.

Quando esteve aqui pela primeira vez, disse que não era um frequentador assíduo "dessas coisas". Confidenciou que apenas costumava fazer programa com uma menina, depois de mais de 20 anos de total fidelidade no casamento, e perguntou se a conhecia. Conheço duas meninas que usavam aquele mesmo nome no trabalho, mas nenhuma delas corresponde à descrição que ele me deu. Disse que ela tinha ido para Braga, se casado, ou qualquer coisa assim, e nunca mais tivera notícias.

Comentou que, assim como eu, ela era muito simpática. ( Oh! Thank you! ) Mas que, na última vez que se encontraram, num apartamento não muito longe daqui, ela estava muito assustada e ele não sabia muito bem o motivo. Ela dizia que tinha a ver com a cafetina do apartamento, mas não deu mais detalhes, apenas fazendo questão de apressá-lo. Eu sei onde é; quatro amigas minhas também já lá estiveram, e também saíram muito assustadas. É o "apartamento das câmeras escondidas". A menina podia até desejar atender bem o cliente, ou mesmo ter uma conversa amistosa preliminar para descontrair, mas não podia. A chula quando chegava conferia pela câmera o horário que o cliente tinha entrado e saído. Dessa forma, podia suspeitar que a menina tinha feito mais de um programa com o cliente, e que agora estava armando-se em esperta, só lhe entregando a porcentagem - nesse local é de 50% - de apenas uma foda.

Tivemos uma química boa na conversa. É um gajo muito simpático. Alto, moreno, magro, olhos amistosos, boca larga, fazendo um sorriso grande. Aliás, conversamos muito, muito mesmo, antes de iniciar a foda.

Deve ter uns 3 meses que ele já vem aqui. Já fez programa comigo umas 5 ou 6 vezes.

Acho que foi na nossa terceira foda que ele disse-me que eu tinha dado a melhor foda de toda a vida dele. Ele deitou-se por cima de mim e eu, que tenho uma boa elasticidade devido ao Yoga, coloquei minhas pernas bem em cima dos seus ombros. Puxei seu corpo para estar bem junto ao meu, encostando o meus joelhos no meu queixo. Ele delirou de prazer.

Na foda seguinte, na próxima semana, eu estava por cima dele e ele empurrava a parte superior do meu corpo para o lado, fazendo com que apenas a minha xota, seu pau e nossas pernas estivessem mesmo juntos. Como se simulássemos o formato da letra Y. Pensei no V, mas, analisando bem, visto de cima nos pareceríamos mesmo com o Y. Foi excelente como alongamento.

Voltou dia 24, quinta-feira, notando que o quarto estava diferente. «Qualquer dia você chega aqui e encontra a cama no tecto, e teremos que fazer contorcionismos e acrobacias sexuais.» - eu disse e pisquei-lhe um olho.

Eu estava sentada em cima do pau dele, rebolando, e ele me puxava. Depois, ainda sentada no seu pau, eu deitei minhas costas para trás, ficando no meio das suas pernas, enquanto ele me fodia. Ele puxou os meus braços, levantando o meu tronco e levando-me de encontro a si. Metia e eu pressionava a cona no pau dele, e foi assim que gozou.

Conversamos sobre tudo, como se fôssemos amigos de infância. Falando de uma coisa e outra, acabei por acaso comentando sobre a minha virgindade anal, e ele ficou todo entusiasmado, querendo ser o felizardo a comer o meu cuzinho. «Me dê duzentinhos e eu te dou o meu cuzinho».

Ainda antes que fosse embora, tirei um livro debaixo do meu travesseiro e mostrei o que andava lendo sobre sexo.

Dia 25, ou seja, no dia seguinte, essa sexta-feira, ele me ligou. Perguntou se eu tinha recebido a sua mensagem. Como a caixa de mensagens do meu telemóvel está constantemente cheia, eu não tinha visto a mensagem. Perguntei sobre o que se tratava. Ele disse que ficou muito pensativo em relação à nossa conversa, e que nem tinha dormido direito a pensar nisso. Seu sonho, e isso eu desconhecia quando toquei no assunto, era tirar a virgindade anal de uma mulher. Quando fez sexo com a esposa, ela já não era virgem, e por isso guardou muito tempo em segredo esse desejo de desvirginar alguém. Por isso ficou pensando tanto no assunto. Queria ser o meu primeiro. Então combinou que viria me desvirginar.

Topei. Ele chegou uma hora depois. Não tive tempo nem de me preparar psicologicamente. Mas eu consegui reflectir que, entretanto, era sempre melhor "perder a virgindade" com uma pessoa já conhecida. Ele tem o pênis médio. É meigo. Só um probleminha: assim como o Sr.M., por vezes ele também tem a tendência de ficar com o pau meio mole.

Conversamos um bocado e descontraímos. Então chegou a hora h. Ele começou a me acariciar mais do que é o costume. Tentou me beijar na boca várias vezes, mas eu não deixei. Não foi por falta de merecimento: é um bom cliente, amistoso, e tem os dentes brancos e bonitos. Mas não deixei porque me pareceu forçado para a situação. Então, toda vez que ele tentava me roubar um beijo, eu desatava a gargalhar, e assim ele não conseguia me beijar.

Mexeu na minha cona. Mexeu no meu corpo. Começou a fazer um minete, não muito bem sucedido. Ele queria me deixar menos tensa - eu tinha que estar tensa, oras, era a minha primeira vez - e mais relaxada. ( Valeu pela intenção! ) Mas quando ia para chupar minha cona, com seus dois dedos polegares, ele puxava muito para cima a parte superior da minha cona. Eu sentia esticar tanto a pele dali que até curvava as costas como reflexo. Passou a língua não mais que três vezes no meu clitóris, e, num movimento frontal, encostou ali o queixo por duas vezes, o que não foi nada agradável, já que senti sua pele áspera, de quem não tinha feito a barba nos últimos dois dias.

Então parei aquilo para começarmos o que realmente ele veio fazer. Passei KY no seu pau, que já estava bem duro e já vestido pelo preservativo, e também no meu cu. Fiquei de quatro para ele, e apoiei minhas mãos, ora na cabeceira da cama, ora na parede. Peguei no pau dele e direccionei ao meu cu. Estava muito apertado e não entrava.

De dois em dois segundos eu dizia: «Devagar. De-va-gar.» Senti meu corpo gelar. Comecei a suar frio. Uma tensão que parecia percorrer minhas veias. Depois de muita insistência e habilidade senti o pau entrar. Doía. Doía. Mas ele seguia as minhas recomendações, indo devagar. Entrou mais. Senti outra dor, ainda mais intensa. Doía. Doía. Eu me fazia de forte, mas, puta que pariu, doía pra caralho! Enfim quando já tinha enfiado, a dor parecia ser um pouco menor, ou um pouco menos incômoda. Continuei a dar instruções, do tipo, "mete mais", e "assim devagarinho". Bom menino!

Ele passou as mãos pela minha cona enquanto metia no meu cu. Desde o início, era essa a primeira vez que eu sentia tesão. Ele gozou. Senti o pau dele murchar dentro do meu cu.

Ele tirou o pau devagarinho. Durante os primeiros cinco segundos, senti o meu cu a latejar, como se tivesse o aspecto de uma galinha que acabava de botar um ovo. «Acho que botei um ovo para dentro» - foi a primeira coisa que eu disse, e começamos a rir.

Quando ele foi me pagar - eu não cobrei antes porque é um cliente que eu conheço muito bem e é uma pessoa muito íntegra - ficou todo sem graça. Não tinha ali mais do que 160€. Foi pagar uma conta e acabou tirando do dinheiro da foda, por engano. Sugeriu que eu fosse com ele ao multibanco, mas indiquei que ele fosse sozinho, pois sabia que ele voltaria. Deixou 100€ comigo e dez minutos depois voltou com os outros 100€ restantes.



--- S. e a minha inexplicável apatia ---


S. é um cliente que não gosto muito de atender. Ele não sabe disso. ( Se descobrir que tenho um blog, vai ficar sabendo. Mas o que posso fazer? Não posso agora mentir, inventar estórias, enfeitar a realidade, só porque tenho um blog. ) Eu também não sei, realmente, qual o motivo que tenho para não gostar de atendê-lo. Não é pelo cheiro de querosene misturado com perfume. Aliás, ainda não consegui distinguir o que é realmente aquele cheiro. Talvez seja porque ele não me passa uma energia boa. Tem um aspecto sério, mas seus olhos não me dizem a mesma coisa. Tem um olhar sarcástico e misterioso. Algo de importante escondido, ou talvez, isso seja apenas uma cisma minha.

A primeira vez que ele esteve aqui foi em julho, creio eu. Eu preparava-me para viajar. Me fez uma proposta em troca do meu corpinho, que educadamente recusei.

Deve ter uns 45 anos e tem o cabelo todo grisalho. Não é gordo, mas parece ter uma melancia alojada na parte inferior da barriga.

Até pouco tempo ele nem sabia pegar direito no peito de uma mulher. Fui eu a ensinar-lhe. E ele aprendeu.

Atender-lhe costuma não ser difícil. Um broche rápido para o pau endurecer mais um bocadinho, sentar em cima, acelerar o movimento. Quando está perto de gozar ele costuma puxar o meu corpo junto ao seu, o que me dá um pouco de nojo, pois fico com receio de ficar com o cheiro dele no meu corpo. Mas é apenas por 30 segundos, no máximo, então dá para aguentar. Lavou, tá novo. Eu podia sugerir que ele tomasse banho antes de foder, mas não dá, porque ele sempre paga pelo menor tempo possível.

No dia 20, domingo, aconteceu algo diferente. Ele chegou, abriu a carteira e não conseguiu achar o dinheiro. Jurava que tinha ali uma nota de 50€, mas não a encontrava. Eu já havia tirado os sapatos, mas ainda não estava nua. «Então não dá para fazer nada, não é?» «Ai, que pergunta estúpida!» - eu pensei, respondendo apenas que não. Foi até bom isso ter acontecido naquele momento. Em outros casos, se deixamos para receber o dinheiro depois, podemos ter problemas. Podemos ir à casa de banho para nos lavar e um ou outro ficar sozinho no quarto - o que sempre evito, preferindo estar sempre presente onde o cliente está. Se o cliente ainda não pagou e está confiante que tem o dinheiro na carteira, pode pensar depois que fomos nós a roubá-lo. Não quero dizer que isso nunca aconteceu "na noite". Eu conheci uma menina que sempre roubava os clientes nos quartos: dinheiro, telemóvel, fios de ouro... Ela roubava tudo. Foi a mesma que também me roubou.

Ele foi embora, não sem antes me perguntar onde ficava o multibanco mais próximo. Quinze minutos depois ele estava de volta. Pagou e fodemos da mesma forma de sempre.

Dia 26, esse sábado, ele voltou. ( Afinal, tinha trocado de casaco em casa antes de vir me visitar, e havia deixado o dinheiro no outro. ) O que eu me questiono é seu motivo para sempre voltar. ( Volta quase todo fim de semana, quando consegue me encontrar disponível ). Eu não atendo o S. bem. Tenho consciência disso. Atendo-o a pensar que em breve ele vai gozar e vai embora. Também não atendo mal. Não sou rude, simplesmente faço ali o meu papel. Mas não consigo ser tão boa actriz, a ponto de recebê-lo com um sorriso aberto ou de tentar fazer com que ele se sinta um rei na cama. Pouco conversamos. Só nas últimas vezes que ele tem caçado um pouco de conversa. Num atendimento antes desse ele perguntou se, caso me convidasse, eu aceitaria ir jantar com ele. Disse que sim, caso conseguisse disponibilidade, o que é um pouco difícil. Na penúltima vez, depois que acabava de gozar, ele disse que era estranho uma garota tão bonita e inteligente como eu não ter namorado. Espero que ele não esteja pensando em se candidatar ao cargo.

Eu não tenho namorado porque eu não quero. Já tive. Vi que não valia a pena. Se um homem está comigo e aceita o meu trabalho, de duas, uma: ou pretende virar meu chulo um dia, ou não gosta de mim o quanto diz gostar. Sexo por sexo eu tenho com os clientes, que me pagam e, alguns deles são gostosíssimos. Também não quero um homem especificamente para me "tirar dessa vida". Essa expressão é a que eu costumava utilizar, na brincadeira, quando trabalhava em boîte, com os clientes: «Ainda me caso contigo e te tiro dessa vida!». Eles também riam. A responsabilidade de sair "dessa vida" um dia é apenas minha.

Mas voltando a falar do S., eu realmente não sei. Ele não volta pela minha beleza, pois existem inúmeras mulheres tão ou mais bonitas que eu. Não volta pelo preço, pois, apesar de me pagar o preço mínimo, existem muitas meninas que, pelo mesmo preço, ou preços até inferiores, fazem mais coisas ou oferecem mais tempo do que eu. Não volta pela minha conversa porque pouco conversamos. Não volta pelo sexo, porque é sempre a mesma coisa e eu nem me dou o trabalho de variar com ele. Não é porque está apaixonado por mim, porque tudo o que ele conhece de mim é aquilo que vê. Não sei, não sei, não sei.

Então ele voltou nesse sábado e aconteceu algo estranho. Estava eu nua por cima dele, e sentia que o pau dele estava mole dentro de mim. Como não latejou, como é seu costume, suspeitei que ele já tinha gozado, mas não tinha bem a certeza. Todo o cerimonial havia sido feito: tinha chupado o pau dele, tinha estado sentada em cima, ele já tinha puxado meu corpo de encontro ao seu. Detesto ter que perguntar: "Então, já se veio?". Acaba soando rude, ou demonstrando a minha pressa. Na dúvida, perguntei se ele queria mudar de posição. Então pensei ouvi-lo dizer baixinho: eu já me vim. Então saí o mais rápido possível de cima dele e tirei o preservativo com o papel. Não tinha nenhum esperma ali dentro, mas tem muito homem que goza e só sai uma gotinha, quando sai. Então comecei a me vestir para ir para a casa de banho me lavar. ( O quarto estava muito quente e a casa de banho é fria ). Notei que ele continuou na cama, me olhando. Dei um sorriso, para esconder a minha irritação, mas meus pensamentos repetiam: «Será que esse homem vai querer ficar o tempo todo deitado na minha cama?» Então ele pergunta porque eu estava me vestindo, já que ele não tinha se vindo. E eu tinha ouvido completamente o contrário! Pacientemente, despi-me, peguei um outro preservativo, fiz um outro broche no seu pau que já estava murcho e fiquei tocando uma punheta para endurecer mais rápido. Ele fez sinal que era para meter e eu fui para cima dele. 20 segundos depois ele estava gozando. Dessa vez era verdade, e até senti o pau latejar dentro de mim. Creio que até passei um bocadinho do tempo, mas como ele já foi excessivamente rápido outras vezes, resolvi dar esse crédito.

Quando se vestia, ouvindo o telefone que tocava na sala mais de 30 vezes, perguntou-me se eu tinha muitos clientes, e quantos eu atendia por dia, sugerindo que fossem mais de dez. «Depende, depende.» Quis que eu fosse mais específica. «Depende do dia. Depende da minha disponibilidade. Depende de quando eu tô a fim e de quando eu não estou a fim, etc.»

Perguntou então se era um bom ou um mal cliente.
- Você é um péssimo cliente. - eu disse com um sorriso. - É um dos únicos que não me dão uma gorjeta.

Daí ele veio com aquela conversinha mole, de que valoriza as pessoas, e não o dinheiro, e que valoriza, principalmente, as pessoas com quem se relaciona. Sua entonação fez-me concluir que eu estou incluída nesse grupo.

Mas o que eu poderia dizer? Que é um péssimo cliente, simplesmente porque eu, sem um motivo muito explicável, não gosto muito de atendê-lo?

Quando saía pela porta do meu apartamento, disse:

- Até a semana que vem.


--- R. e o fetiche pela nudez ---

R. é um cliente novito. Deve ter uns 23, mas aparenta 18. Magrinho, branquinho, óculos de grau. Bonito. Suas roupas têm cheiro de lavanderia. Um dia perguntou se podia tirar fotos minhas da câmera do seu telemóvel, que eu logo não autorizei.

Gosta de me despir, peça à peça, apesar de não ter muito jeito com isso. Depois que estou nua, fica analisando, e apalpando delicadamente, cada parte do meu corpo. Estou de pé e ele se abaixa, me vira de costas, passa a mão perto do meu cu, observa. Ele deve me conhecer por ângulos em que eu mesma não me conheço.

Esteve aqui nesse sábado, e perguntou se podia me fazer um minete. Eu disse que só para clientes de uma hora. Ele disse que podia ir no multibanco buscar mais dinheiro, mas eu sugeri que deixasse para outro dia, porque daqui a poucos minutos teria um outro cliente. ( Um cliente conhecido, mas que, no fim das contas, não apareceu :/ )

Aprendeu a tocar meus seios. Também tive que ensiná-lo. «Não podemos ser burros a vida inteira, não é?» - ele responde depois de receber meu elogio por ter sido um bom aluno.

- Caminha?

Ele deita-se, quase na beirada da cama, como já é hábito. Não é a segunda nem a terceira vez que está comigo. Ponho o preservativo e faço-lhe um broche. Tem um pênis grande e grosso. Conheço pênis maiores, mas o que faz com que o dele pareça maior dentro de mim é o grau de elevação. Tem pau que sobe a 90º, e o dele sobe uns 170º. Há também os que estão duros para baixo, como se tivessem uma pedra amarrada no pau.

Está metendo e me pergunta se está a doer. "Um pouco." - eu digo. Mas ele faz parte do grupo dos homens delicados, que não querem estar com uma mulher para magoá-la. Fode com cuidado, ternura e respeito pelo meu corpo.

O pau dele conversa com o meu útero durante um tempo. Logo a seguir, é como se ele tivesse ido embora.

- Você sentiu? - ele perguntou.
- Sim, senti que a dor parou nos últimos 6 segundos.

Yap, ele tinha gozado. Tempo de relação: começou às 22:13 e terminou às 22:19.


--- G.L. - lindo e solteiro ---


G.L. é um cliente novo. Novo nos dois sentidos: é a primeira vez que está comigo e também é novo na idade. É engenheiro. É de Lisboa. Tem 25 anos... e é lindo!!!!

Indiquei que se sentasse. Começamos a conversar. Colocou uma mão nas minhas costas. Arrepiei-me. Não foi ainda de tesão. Suas mãos estavam geladas. Arrepiei-me de frio. Peguei nas suas mãos e fiquei esfregando-as nas suas pernas. Depois aqueci-as entre as minhas. Contou-me que era a primeira vez que procurava um "serviço desses".

Pagou-me por uma hora e levantamos. Abracei-o. Disse-me que eu era fenomenal. Fiquei ralando meu corpo no seu. Tirei sua camisola. Perguntou se podia me beijar e eu disse que não. Rolou uma química gostosa, e depois acabamos nos beijando. ( Ainda bem que minha gripe já passou ). Sentei-me e descalcei as botas. Despimo-nos. Notei que ele tinha belas pernas, de jogador de futebol. Não só as pernas eram bem torneadas, como todo o corpo. Os pêlos das suas pernas eram finos. Os pêlos do seu peito pareciam mais escuros, mas também macios. Sua pele era sedosa.

Seu pênis era grande. Perguntei se não tinha algo menor para me trazer.

Notei que já não tinha mais preservativos no quarto, e pedi que esperasse enquanto eu buscava outros na sala.

Enquanto estava deitado, coloquei-lhe um preservativo e iniciei um broche, bem devagar. Senti o pau dele a latejar. Parei um pouco e olhei para o seu rosto. Tinha o pescoço levantado, então instruí que se deitasse, para não ficar tenso. O pau dele estava muito duro. Continuei o broche. Sentia que podia gozar a qualquer momento. Perguntei então se queria que eu parasse já o broche e que no segundo round fizesse um mais demorado. Ele disse que eu podia continuar o broche. Ele estava louco de prazer, e acabou gozando.

Depois contou-me que não está com uma mulher faz muito tempo. Quanto começou a dizer que eram 2 anos, eu suspeitei que diria 2 dias. 2 anos! 2 anos! 2 anos é tempo demais! Diz que as mulheres não conseguem notá-lo, ou que não tem muita sorte com as mulheres. Além disso, acha que é tímido. Eu já havia lhe dito que ele não era exactamente tímido, ou pelo menos não me pareceu. As mulheres andam cegas? Ele não é só lindo de corpo... Tem um rosto maravilhoso, daqueles exóticos, que chamam logo a nossa atenção. Sobrancelhas grossas e escuras, olhos carinhosos, sorriso meigo. É inteligente, meigo, simpático, carinhoso... Seria ele mal de foda?

Ficamos "namorando" um tempinho antes do 2º round. Eu sentia que ele precisava mais de colo do que de sexo.

O pau dele começou a endurecer. Saí do seu lado e fui para cima dele. Fiquei esfregando meu corpo no seu. Depois ele instruiu que fizéssemos uma espanholada. Coloquei seu pau no meio dos meus seios e fiquei ali, acariciando. Peguei o preservativo e fiz outro broche, dessa vez mais curto que o primeiro. Fui para cima dele, e tenho que dizer que é um gajo excelente de foda. Melhor dizendo, é um gajo EXCELENTE de foda. Acho que agora fui mais clara. Segurou firme nas minhas ancas e ficava subindo e descendo. É muito bom quando o homem também ajuda! O ritmo assim ficava sincronizado, estável, prazeroso.

Quando gozou, estivemos mais um bocado à conversa, na cama. Apesar do aquecedor ligado eu sentia um pouco de frio, que logo passava quando seu corpo se aconchegava ao meu. Dava uma preguiça enorme de levantar para vestir a roupa, mas tivémos que fazê-lo. O tempo já tinha acabado tinha mais de 15 minutos, e o mastro dele já estava duro novamente. Falei coisas broxantes para o pau dele amolecer. Nos despedimos com um beijinho nos lábios e ele foi embora.



Paula Lee.


=> Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça


Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.

Hoje não estás sem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.

Adorando.

Nunca pensei ter entre as coxas um deus.


Carlos Drummond de Andrade.



Fabuloso!!! Lindo, lindo, lindo esse poema do Carlos Drummond de Andrade, um dos meus preferidos. Podia ter o título "Sem que eu pedisse, fizeste-me um broche", ou, como era brasileiro, "Sem que eu pedisse, pagaste-me um boquete", mas seu erotismo é tão delicado que fascina e excita sem a necessidade de usar recursos de linguagem mais explícitos ou apelativos.



Paula Lee.


=> Ir ao cu




- Posso te ir ao cu?
- Só se me deixar ir ao teu primeiro!

Tive que deixar de dar essa resposta ao telefone, quando descobri que, na maior parte dos casos, era tudo o que alguns clientes queriam ouvir.

Paula Lee.


=> Artigos sobre a sida


Depois dos posts em que eu comentava sobre a menina que morreu de sida em Viseu, fui contactada pelo David, que é o responsável pelo Portal Nova Gnose.

«A Gnose é o comportamento religioso que traduz esta profunda e dolorosa sensação que sentem os homens e mulheres pela separação dos pólos humano e divino. É, no fundo, uma tentativa de compreensão das relações entre o homem e a divindade.»

Mandou-me um e-mail com o artigo «O que sabemos realmente sobre AIDS?», que entre outras coisas, fala da sida em vários países.

Contactei-o a pedir autorização para colocar os links e alguns trechos do site, que ele prontamente cedeu.

Ainda não tenho opinião formada sobre muitas coisas. Preciso ainda de muita pesquisa, e principalmente, de muita reflexão.

Mas independente de credo, religião, postura ou opinião formada, vejo a importância da internet para divulgação de informações e opiniões.

É estranho e boçal o quanto nós, seres humanos, acabamos por nos fechar em copas quando o assunto em questão é algo que achamos que não nos atinge. Creio ser importante conhecer outras realidades, outras posturas, não sair engolindo por aí tudo o que nos dizem, ter censo crítico e opinião própria.



Paula Lee.


=> O gatinho de domingo


Programinha gostoso esse que eu fiz no domingo! Em geral, atendo mais gente conhecida que tudo, mas dessa vez era um cliente novo.

Disse no telefone que esteve no meu site e que estava interessado no programa de duas horas, e perguntou se eu tinha disponibilidade. Como ele foi muito educado e eu fui com a cara dele, ou mais especificamente, com a voz dele, eu concordei facilmente em atendê-lo. É muito improvável que um homem, que nunca esteve contigo, marque logo um programa de 2 horas. Talvez no Brasil seja comum para algumas garotas, que trabalham por hora. Mas aqui o programa mais comum é o de meia hora. O que pode acontecer de forma menos invulgar é o homem marcar um programa de meia hora e depois decidir pagar por mais uma hora e meia ;) Dessa forma, maioritariamente, quando uma pessoa liga a marcar por duas horas, o melhor é nem contar com ela; a não ser que ela depois confirme, exibindo sua seriedade e rectidão.

Como vinha da Covilhã - não, não foi propositadamente para me conhecer, mas digamos que eu estava na metade do seu caminho - acabou não encontrando com tanta facilidade o meu endereço. Não sou a melhor pessoa do mundo a dar indicações, mas estive com ele ao telefone enquanto indicava as ruas que devia virar ou subir, e ele conseguiu dar com o meu endereço bem mais rápido do que eu imaginava.

Enquanto falava com ele ao telemóvel, eu trocava de roupa. Acho que ele não se apercebeu disso. Escolhi um vestido com listras vermelhas, justo e com um grande decote, sem soutien. Por cima coloquei um longo casaco preto. Coloquei uma meia calça e um par de botas altas.

Entrou no meu apartamento com um ar meio tímido e deslocado. Levei-o para o meu quarto. Indiquei que se sentasse na cama e tirei o meu casaco. Enquanto conversávamos, eu observava-o. O U. era bem gatinho. Tem 31 anos, e eu a pensar que tinha 22! Ele me disse que era a primeira vez que procurava um serviço desse.

Tranquilizei-o, dizendo que não se preocupasse, pois eu não estava descontando o tempo da conversa do tempo dele. Principalmente quando é a primeira vez que atendo um cliente, gosto de conversar um pouco, para quebrar a tensão. Apesar de poder notar pelo seu olhar que estava muito contente com a minha imagem, notei que ele também estava muito contraído. Tinha os cotovelos apoiados nas pernas e os braços em cruz no peito.

Levantei e estendi-lhe a mão para que também se levantasse. Abracei-o carinhosamente e fiquei fazendo massagem nos seus ombros, encostando meu corpo ao seu. Virei de costas e fiquei sentindo suas mãos na minha cintura, leves, tímidas, e as primeiras reacções de tesão que seu corpo manifestava. Uma a uma, peguei nas suas mãos e coloquei por dentro do meu decote, ainda quando estávamos de pé, e eu de costas para ele. Ainda nessa posição, passei minhas mãos por trás das minhas costas e fui desabotoando as suas calças. Passei minhas mãos para dentro dos seus boxers e comecei a acariciar levemente seu mastro. Coloquei-me de frente para ele e dei um abraço leve, quase como uma dança, e ia passando as mãos pelas suas costas.

Assim que ele se deitou eu peguei um preservativo e fiz-lhe um broche. Quando vi que estava preparado, fui para cima dele. Não foi um sexo rápido, bruto ou violento. Muito pelo contrário. Foi um sexo carinhoso, meigo, quase que de namoradinhos.

Quando ele gozou, disse-me que não tinha vindo ficar 2 horas por causa do número de relações, mas porque queria estar um tempo à vontade comigo. Ficamos conversando um bom tempo, despreocupada e livremente, enquanto acariciávamos de leve, com ternura, um ao outro. Algo que eu já tinha notado desde a primeira vez que ele me tocou foi a delicadeza do seu toque. Mãos macias, delicadas, lisas. Inclusive brinquei com ele, questionando se todas as pessoas que fazem o mesmo trabalho que ele possuem mãos tão deliciosas. Obviamente, não posso revelar a profissão, pois não é uma dessas muito comuns.

Algum tempo depois eu sugeri que déssemos mais uma. Coloquei seu pénis no meio dos meus seios e comecei uma espanholada. Coloquei o preservativo, chupei e instruí que me comesse vaginalmente por trás. Mas ele estava muito cansadinho, e resolveu desistir, porque ainda tinha uma longa viagem pela frente.

Então continuamos conversando. Podíamos ter feito dezenas de coisas, mas o tempo foi nosso inimigo, duro, ardiloso e maquiavélico. Ele perguntou quanto tempo faltava, e quando vimos já tinha passado mais que 10 minutos do tempo dele.

É sempre assim: quando acontecem coisas boas, o tempo passa rápido. Quando são coisas ruins, o tempo demora a passar. Assim também é com os clientes. Quando estou com um cliente agradável, o tempo voa. Quando estou com um cliente ruim, o tempo parece andar para trás.

Pediu-me desculpas por ter excedido o tempo. Muito educado da parte dele, mas eu realmente nem estava preocupada com esse detalhe. Ainda fomos para a sala para fumar um cigarro, já que ele também fumava. Ele foi embora e depois ligou-me, enviando o número identificado. Eu disse que não era preciso, mas ele insistiu.

Ele foi mesmo muito amável, em todos os momentos. Eu poderia repetir tudo o que ele me disse, mas eu acabaria parecendo convencida, ou talvez a última bolacha do pacote. Melhor que isso então é deixar as próprias palavras dele, que transcrevo da cópia do e-mail que ele me enviou no dia seguinte:

«Olá Linda menina Paula....


Sou o U., estive ai no domingo, por duas, ou três horas......;), espero que continues tão linda e, desculpa a frontalidade, BOA, como estavas no domingo. Acho que para um estreante nestas coisas, "estar com alguém", fiz a melhor escolha do mundo.....Obrigado por seres como és.....e por me teres tratado como trataste.....Foste fantástica, além do sexo, deu para descomprimir.

Não fazes ideia do stress que é a minha vida, da quantidade de problemas, em casa e fora dela... Adorei estar contigo porque me transmitiste paz......Obrigado...muito a sério, acho que não podia ter escolhido melhor.....

Um dia destes vou aí voltar, mas além de sexo, que por sinal , apesar de pouco , por vontade minha é verdade, foi demais, adorei a companhia. Quando ai voltar, vou-te querer umas quatro horas.....Temos que ir jantar, tomar o tal banhinho, ou quem sabe ir ao cinema....

Parabéns por seres como és.
Beijos
U.»



As críticas não me abalam e os elogios não me iludem, mas é sempre prazeroso quando conseguimos, de certa forma, tocar em alguém além da parte física.

Como é evidente, pedi-lhe autorização para publicar o e-mail e mudei o seu nome.

Não é um querido?



Paula Lee.


=> Bruna Surfistinha no Jô Soares


Li no blog da Bruna Surfistinha que ela tinha sido entrevistada no Programa do Jô Soares. Como sei que aqui os programas passam atrasados, fui logo conferir a programação do GNT.

Então lá estava: o programa seria exibido hoje, às 22h. Como teria um "compromisso" nessa altura, programei o vídeo para gravar. Assisti agora a entrevista.

O programa será "reprisado" dia 23, ou seja, já hoje, às 4:30. ( Eu acho, mas qualquer dúvida é só conferir no site do GNT ).

Se não conhece a Bruna Surfistinha, não se acanhe. Eu também não conhecia, e a maioria das minhas amigas ainda não conhecem. ( Não chegam assim tantas notícias do Brasil, por isso, só devido à internet que vim a conhecê-la ). Agora ela é uma ex-garota de programa.

Eu visito o blog dela regularmente, e até já lhe enviei um e-mail, na altura em que apenas tinha o blog 4 paredes. Contei-lhe que escrevia contos eróticos. Posteriormente ela disse no blog dela que estava pensando em escrever contos eróticos para dar uma apimentada depois que se "aposentasse". Não sei se foi depois de ler o meu e-mail ou se foi telepatia escorpionina ( ela também é do signo de escorpião ).

Depois que a conheci pelo blog, passei a admirá-la muito. Agora ela deixa de ser a Bruna Surfistinha e prefere ser chamada pelo seu nome verdadeiro, Raquel. Ela fez uma coisa que nunca eu seria capaz de fazer, e que duvido que minhas amigas também tenham coragem, que foi dar a cara pelo seu trabalho. Não porque tenha uma enorme vergonha do que faço, repudie o meu trabalho ou considere um acto indecoroso, porque afinal é meu ganha-pão, mas porque tenho que preservar a minha família. As nossas famílias não têm culpa nem são responsáveis pelas nossas escolhas. ( Se é que isso pode ser considerada uma "escolha". Quando eu era criança eu não dizia assim: "Ah, mamãe, quando eu crescer eu quero ser puta!" )

O que mais admiro na "Bruna Surfistinha" é que ela mostrou o lado humano das garotas de programa, uma face que poucos conheciam.

Seu livro, "O Doce Veneno do Escorpião", ainda não chegou por aqui, mas pretendo comprá-lo.



Paula Lee.


=> 11 minutos


Possivelmente fui uma das primeiras pessoas a comprar o livro "Onze Minutos" do Paulo Coelho quando chegou em Portugal. Eu já sabia do lançamento. No dia que estive na livraria à procura, o livro ainda estava encaixotado.

Saber que um escritor brasileiro de renome internacional como Paulo Coelho iria falar sobre a prostituição me deixou um tanto intrigada, curiosa e até mesmo preocupada.

Desde que comecei a prostituir-me que escrevo um diário - que não é sempre diário, por vezes passando a ser semanal ou mensal, de acordo com a minha disponibilidade - sobre as peculiaridades do meu trabalho. Até hoje não adquiri a proeza nem a primazia de conseguir foder e escrever ao mesmo tempo, assim como também confesso que ainda não tive a audácia de tentar. Decidi escrever um blog apenas para adquirir disciplina na escrita, pois assim forço-me a escrever com mais frequência. Ao escrever minhas páginas no word, descobri que, se acabo de fazer um programa e vou logo contar sobre ele, adquiro uma maior riqueza de detalhes do que se deixasse para escrever sobre o assunto na semana seguinte. Quando somos pessoas românticas e estamos fora desse submundo em que vivo, fazemos amor e ficamos com todas as lembranças vivas durante um bom tempo em nossa memória. Continuamos com a mesma excitação de quando ele nos deu o primeiro beijo, conseguimos sentir até a intensidade do seu toque, nos lembramos do sabor da sua boca, da temperatura da sua saliva, e por vezes, durante dias, ainda conseguimos sentir o seu cheiro impregnado no nosso corpo ou no nosso travesseiro. Trabalhando com sexo, isso raramente acontece. Acabo de atender um cliente, atendo um próximo, mais e mais outros, e no dia seguinte quase já não consigo me lembrar de nada. Às vezes um cliente aparece e diz: "Eu já estive contigo." Fico quieta por uns segundos até perguntar: "Ah, é? E como foi?". "Foi muito bom" - é o que costumam me dizer, quando na verdade eu esperava que me dissessem qual era o tamanho dos seus pénis, se demoraram muito a gozar, se tinham alguma fantasia excêntrica, etc.

Por isso que me parecia inimaginável uma pessoa escrever sobre a experiência de uma garota de programa. Principalmente, sem querer ser preconceituosa, se esse alguém é um homem. Como é possível um escritor dar realidade a uma experiência vivida e sentida por outra pessoa? Como vou descrever a minha sensação ao ter que amputar uma perna se isso nunca me aconteceu?

Gostei do livro, apesar de achá-lo um tanto quanto infantil. E também não gostei do fim, porque, na maior parte dos casos, não corresponde à realidade.

- Você é fã do Paulo Coelho? - é o que deduzem vários clientes quando encontram um livro ou outro dele entre os muitos que tenho na minha "biblioteca pessoal".

Antes que eu possa dizer que no fundo não sou, muitos clientes contam algo muito curioso: que quando foram em outras garotas de programa, também encontraram livros do Paulo Coelho, e que elas geralmente falam muito bem dele.

Um cliente meu defendeu o Paulo Coelho como "o melhor escritor brasileiro". Falava com uma heróica convicção, como se estivesse a defender a própria mãe. «E quais livros dele você leu?» - eu perguntei. «Nenhum.» Como é possível classificar um autor sem nunca ter lido nada sobre ele? Depois que eu lhe forneci algumas informações sobre o autor, surpreendi-me com sua cara espantada e pálida a perguntar: «Então quer dizer que ele ainda é vivo? Oh, não me diga!»

Conheço também um outro grupo que classifica o Paulo Coelho como o melhor escritor dos últimos tempos: o grupo dos que só lêem Paulo Coelho. Como fazer tal apreciação sem ter lido outros para fazer comparações?

Eu admiro o Paulo Coelho. Admiro principalmente a sua capacidade de atingir um público tão grande. Já li o "O Diário de um Mago", "Brida", "As Valkírias", "Na Margem do Rio Piedra eu sentei e chorei", "Verónika decide morrer", "Manual do Guerreiro da Luz" e... ah, claro, "O Alquimista". Eu ainda tinha "O Alquimista" na minha estante. Eu tinha um cliente meio depressivo, meio sem rumo. Então emprestei-lhe esse livro. Aconteceu o que poderia acontecer caso eu tivesse emprestado um livro para qualquer outra pessoa: o cliente sumiu, e nunca mais me entregou o livro. ( Quem mandou eu querer dar uma de boazinha? ) Na última vez que ele veio visitar-me, pensei que era para fazer um programa, mas, quando estava sentado na minha poltrona, mostrou-me uma câmera digital. Disse que me vendia por 500€. «O quê? Em vez de você vir fazer um programa comigo, você veio gastar o meu tempo tentando me vender coisas?» Expliquei que, quando quisesse fazer isso, que me avisasse pelo telefone, pois assim eu saberia se teria disponibilidade para atendê-lo ou não. Perguntei do meu livro. Ele disse que estava em casa e que mo traria, o que eu sabia que não ia acontecer. Ele estava sem dinheiro nenhum, e possivelmente até já teria vendido o meu livro. Acho que ele estava tão mal financeiramente - eu não sou a culpada, ele só fez um programa comigo! - que seria capaz até de vender a própria mãe. Tem problema não. Joguei uma praga das boas nele, que deve estar fodido até hoje. Não gosto de usar essa expressão, mas sabendo da força que tem a utilizo: Praga de puta pega!

Apesar de ter lido tantos livros do Paulo Coelho, não sou fã dele. Porque acho que ser fã é algo muito sério, que condiz um amor muito incondicional.

Na minha concepção, ser fã de alguém requer que:
- Você tenha pôsters do seu ídolo espalhados por toda a casa e uma foto dele dentro da agenda;
- Você compre todos os seus trabalhos e coleccione tudo o que sai sobre ele no imprensa escrita, televisionada ou virtual;
- Mande-lhe e-mails semanalmente e cartas longas, com "amo-te" escrito um milhão de vezes, à mão;
- Ser capaz de depor a favor dele em Tribunal, mesmo que precise de falar alguma mentirinha... ( Ô, seu Juíz, na hora do crime, e eu lembro exactamente porque olhei no relógio, ele estava comigo sim, eu juro... eu estava a lhe fazer um broche nesse exacto momento )
- Ser capaz de doar-lhe um dos seus rins.

Definitivamente, não sou fã dele. Não sou fã de ninguém. ( Hummm... Talvez apenas do Chico Buarque ).

Depois comprei novamente o "11 minutos" e ofereci de presente para uma amiga ( que afinal nunca o leu, pois esqueceu-o em casa na última vez que esteve no Brasil ) e também emprestei-o para duas pessoas. Mas hoje já não empresto livros para ninguém.

O que me intrigou inicialmente foi o título. 11 minutos é relacionado com o tempo que o cliente costuma gastar para chegar à ejaculação. Podia ser 9 minutos, 10 minutos e 38 segundos, 12 ou 15 minutos, mas preferiram o 11. E por que o 11? Óbvio, por causa da força que esse número tem.

Feche os olhos e conte até três que agora eu vou pegar a minha capa e me transformarei na menina dos exemplos.

Sabe como funciona a numerologia árabe? Uma das partes da numerologia árabe estuda o "Caminho na vida". Funciona de forma muito simples. Basta somar os dias da data do seu nascimento até chegar a um único número, de 1 a 9. Mas caso dê 11 ou 22, não precisa de somar o 1+1 ou o 2+2, pois estes são números especiais com significados próprios. Dizem que o 11 tem um misticismo muito forte.

Se quisermos ter um comportamento mais alienado, neurótico mesmo, ainda podemos reunir várias coincidências com o número 11 ( existem coincidências? ). Na época dos atentados terroristas nos E.U.A e na Espanha, e-mails foram reencaminhados a falar sobre as "coincidências" do número 11:


- New York City tem 11 letras.
- Afeganistão tem 11 letras.
- "The Pentagon" tem 11 letras.
- Ramsin Yuseb - Terrorista que atentou contra as torres gêmeas em 93) tem 11 letras.
- George W. Bush tem 11 letras.
- Nova Iorque é o estado Nº 11 dos EUA.
- O primeiro dos vôos que embateu contra as Torres Gêmeas era o Nº11.
- O voo no. 11 levava a bordo 92 passageiros, somando 9 + 2 resulta em 11.
- O vôo Nº77, que também embateu contra as Torres, levava a bordo 65 passageiros, que somando 6+5 = totaliza 11.
- A tragédia teve lugar a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9, que somado dá:1+1+9=11.
- A data coincide com o número de emergência norte americano o 911. Que somado dá: 9+1+1=11.
- As vítimas totais que faleceram nos aviões são 254: 2+5+4=11.
- O dia 11 de Setembro, é o dia número 254 do ano: 2+5+4=11.
- A partir do 11 de setembro sobram 111 dias até ao fim de um ano.
- O famoso Nostradamus (11 letras) profetiza a destruição de Nova Iorque na Centúria número 11 dos seus versos...
- Mas o mais chocante de tudo é que se pensarmos nas torres gêmeas, damo-nos conta que tinham a forma de um gigantesco número 11. E como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004, que somado dá: 1+1+3+2+4=11 !


( Oh, por favor, não levem tudo a sério! )

No tarot, a carta número 11 representa a força.

Mas o melhor nesse exacto momento é eu deixar de armar-me em taróloga, astróloga, numeróloga e bobeiróloga e lembrar-me o motivo de ter escolhido falar sobre esse tema. Ora bem, lembrei...Vou procurar aqui... Só um segundo... Ah, já está!!!

Li recentemente um artigo no Correio da Manhã - o artigo é de dois meses atrás, mas li-o tem apenas 2 semanas - com o título Livro de Paulo Coelho no cinema. E trata de qual deles? Justamente.

«Trata-se de ‘Onze Minutos’ e, de acordo com a revista norte-americana ‘Variety’, os direitos de adaptação do livro foram já comprados pela ‘New Line’ e pela produtora ‘Hollywood Gang’. ‘Onze Minutos’, recorde-se, é um dos mais populares títulos de Paulo Coelho, tendo já vendido qualquer coisa como 5,5 milhões de cópias em todo o Mundo.»

Coincidentemente, e se é que existem coincidências, recentemente também li um artigo na internet que tinha o título Brasileira narra o mundo da prostituição na Europa. Contava sobre a Mariana Brasil, que lançou na Itália - depois de publicados no Brasil e na Suíça - o livro "Entre Fronteiras - O Manuscrito de Sônia", que - aí está a coincidência - foi o livro que inspirou o Paulo Coelho a escrever o 11 minutos.

Paula Lee.



=> Crime de contágio com sida sob investigação


Queria escrever sobre coisas diferentes hoje. Queria escrever sobre os "programas" mais interessantes, invulgares ou satisfatórios que fiz essa semana. Queria falar do "11 minutos". Queria contar sobre um cliente gatinho, que atendi ontem por duas horas. Queria agradecer às pessoas que ligaram, mandaram mensagens ou vieram trazer uma prenda no dia do meu aniversário, dia 17. Quem sabe, expor um pouco das minhas ideias, consideradas refractárias, ambíguas ou pouco convencionais. Ou talvez, em última hipótese, eu queria mostrar a foto de um pénis horroroso que recebi por e-mail.

Mas o G. me ligou hoje. Dessa vez eu não estava a dormir, mas a sair do banho. Ainda estava enrolada na toalha quando o telefone tocou. Contou que a matéria de capa de hoje do Correio da Manhã falava sobre a garota de programa que morreu com sida em Viseu e sobre as investigações correntes. Aposto que ainda terei que falar sobre isso muitas vezes. Se o assunto não morrer, surgirão novas especulações.

«A avaliação do perigo para a Saúde Pública e as condições em que Verli Vitória se dedicava à prostituição estão a ser investigadas pelo Ministério Público de Viseu, que procura eventuais cúmplices do crime de propagação de doença contagiosa, apurou o CM junto de fonte judicial. O caso “está a ser analisado com grande preocupação”, pelo risco de contágio e pela eventualidade da vítima ter sido coagida por algum proxeneta.»


Eu podia apenas ler a matéria na internet, mas tive que sair para comprar o jornal. Colecciono recortes de matérias que falam sobre a prostituição. Além do mais, tenho sempre a sensação de que a edição impressa é sempre mais completa que a virtual. Eu tinha mesmo que sair. Uma anotação avulsa indicava que teria que ir à farmácia comprar um creme reafirmante para os seios. Não que eu precise, mas "Prevenção" é meu sobrenome. Também tinha que comprar um gel lubrificante, porque o meu está no fim. Também comprei mais um livro sobre sexo. Ora, ora, que grande novidade.

Mas vou continuar a falar sobre a matéria, antes que perca o foco.

O segundo parágrafo da edição na internet fala sobre as actuações por dolo (a pessoa sabe que está doente e quer contaminar) e negligência (descuido ou falta de cuidado).

Sobre os médicos que atendem pacientes com HIV ( ou "VIH" ) e continuam a prostituir-se, parece haver uma grande polémica. A ordem dos advogados diz que eles deveriam denunciar - ou talvez lançar um boato de que alguma garota de programa na região está contaminada - e já os médicos defendem o sigilo profissional.

Muito bem lembrado: se o paciente sabe que o médico vai divulgar, muito possivelmente não vai procurá-lo. Apesar de todos os esforços em Viseu - assim creio - os homens continuam a fazer testes em outras localidades, fora do concelho, mesmo sabendo do sigilo profissional actualmente aplicado.

«A doente tinha direito à privacidade e os médicos o dever de sigilo profissional. Tendo em conta o seu comportamento de risco, associado à ignorância de quem a procurava para ter sexo sem protecção, os profissionais de saúde só teriam uma alternativa para evitar a propagação da doença: denúncia anónima.»


Uma das partes mais importantes da matéria é a que diz que hoje já não existem grupos de risco, mas comportamentos de risco, que só podem ser resolvidos com a prevenção. A sociedade ainda nem sequer sabe lidar com a questão da prevenção, quanto mais com o problema.


PROSTITUIÇÃO É UM RISCO


Ora, ora, tenho que discordar. Não é a prostituição que é um risco. Sejamos francos e sensatos, VIVER É UM RISCO.

Risco é fazer sexo sem preservativo. Fazemos sexo com muito mais pessoas do que uma pessoa "normal"? Muito provavelmente. Isso aumenta a possibilidade de que um preservativo rasgue? Sim, se não tomar certos cuidados. Exemplo: tem homem que fode com uma mulher como se estivesse fodendo com um objecto onde ele simplesmente tem que meter o pau. A mulher é justamente isso para ele: um objecto, um brinquedo. Ele só quer saber de meter. Muitas vezes é bruto. «Devagar que o santo é de barro» - é o que eu costumo dizer. Se ele meter com muita força, o preservativo pode rasgar. Se eu estiver sem nenhuma lubrificação, o preservativo também pode rasgar. Por isso costumamos usar lubrificantes. Tem cara que gosta de dar uma de espertinho. Aquele tipo que não dá para perceber que ele gozou. Ele continua metendo, já com o preservativo cheio. Mas certa altura a gente acaba notando e avisando para não fazer isso pois pode ser perigoso e o preservativo rasgar. Por isso que eu sou selectiva com os meus clientes. Eu costumo atender todos numa primeira vez. Mas nada me obriga a atender uma segunda vez um cliente que eu não queira. Se sorte existe, eu posso dizer que a possuo. A maior parte dos meus clientes são bonzinhos e meiguinhos e seguem sempre as minhas regras.

Como eu sempre faço sexo com preservativo, e sempre tenho muito cuidado, considero que o risco é muito menor. Risco é você ter uma vida normal, confiar numa pessoa, acreditar numa relação séria, fazer sexo sem preservativo.

Qualquer dia eu conto aqui sobre os homens babacas, esdrúxulos e "neandertalescos" - eu sei, essa palavra não existe - que querem fazer sexo sem preservativo, e sobre como me safei.

«Verli, a prostituta brasileira que encontrou a morte em Viseu, arriscou tudo para ganhar mais dinheiro – cobrava preços acrescidos para fazer sexo sem preservativo. Um jogo perigoso, mas que se calcula ter sido protagonizado por dezenas de inconscientes, pouco amigos da camisinha.

A verdadeira dimensão deste caso está ainda por apurar. Só para perguntar o mais óbvio: quantos homens estarão infectados e, entre os casados, quantos contaminaram já as mulheres?»


Inconscientes? Eu li "inconscientes"? Todo mundo sabe da SIDA, e do risco que corre em fazer sexo sem preservativo. E todo mundo também pensa que isso só acontece aos outros. A palavra certa, ou mais adequada, não seria "inconsequentes"?

Quanto às pessoas infectadas, vou deixar um palpite: quase todas, mas a maioria ainda não sabe disso. ( Ou até sabe, e vai fingir que não sabe. ) Assim como muita gente que sabe que a SIDA existe, e continua a fazer sexo sem protecção.



Paula Lee.


=> Quarto 'novo'




Saí para comprar cigarro, voltei para casa e quando entrei no meu quarto eu disse: «Está tudo errado! Vamos mudar isso!» Tenho o hábito de conversar comigo como seu eu fosse várias pessoas. ( Mas não é exactamente o que sou? )

Não é à toa que muito frequentemente um cliente volta e repara: «Andaste a mudar isso tudo! Essa cama não ficava aqui, pois não?» Pois não estava. Pra ser sincera, não consigo controlar meus ímpetos e costumo mudar o quarto inteiro.

E assim foi, ainda antes de tomar banho. Eu precisava dessa mudança, principalmente porque a cama estava encostada na janela, e tenho a sensação que a parede tem poros, porque com essa ventania das últimas noites, consigo sentir a corrente de ar entrando por ela. Muito possivelmente por isso que minha gripe insiste em não passar. Cessa por instantes, mas sempre deixando vestígios.

O G. ainda me ligou hoje cedo, quando eu ainda estava na cama. Conversei com ele sem abrir os olhos. Contei que pretendia mudar a cama de lugar e ele ofereceu ajuda. Mas eu gosto de fazer esse tipo de coisas sozinha; é uma forma de libertar tensões. Por isso agradeci, mas recusei a ajuda.

O Dr.J., que assim como o G. faz parte do grupo dos "clientes-amigos", também me ligou agora, não faz dez minutos. Disse que eu podia ter partido alguma coisa a mudar sozinha os móveis de lugar e que poderia ter lhe ligado a pedir ajuda. «Obrigada pela preocupação, mas eu não sou de porcelana!»

Começa a me dar uma espécie de aflição quando observo que as coisas continuam sempre iguais, estáticas! Eu não posso mudar o mundo, mas posso pelo menos mudar o meu quarto.

Paula Lee.



=> Vida de Garanhão do Sexo



Ontem no fim da noite eu passeava meus olhos pelos sites noticiosos, quando me deparei com o artigo "Vida de Garanhão do Sexo" no Correio da Manhã.

O subtítulo informava que 11% dos profissionais do sexo da região Norte são homens. ( Não sei a forma como colheram esses dados, mas... bem, isso agora não interessa. )

Julgo que os entrevistados não deveriam revelar a forma que simulam seus orgasmos. As mulheres são muito mais exigentes que os homens, e podem fazer questão de ver no preservativo se eles realmente gozaram. ;)

Se bem que, agora analisando por outro prisma, o importante é que elas gozem, não é mesmo?

Não conheço pessoalmente nenhum "garoto de programa".

Tenho falado com um rapaz pelo msn e e-mail tem algum tempo, o N. Ele quer fazer parceria comigo atendendo casais. Troca de casais, por exemplo. Ele disse que faz tudo, mas não alinha com homens. Ainda não pensei com cuidado no assunto a ponto de dar o pontapé inicial, porque estou com falta de tempo, mas é de se prezar a atitude dele. Enquanto muitos homens que desejam "trabalhar" no ramo da prostituição procuram as mulheres querendo chular seus corpos, esse ofereceu o próprio corpo para trabalhar em conjunto. ( A maior parte dos homens querem ficar só com a parte boa, a do dinheiro, mas vai mandar eles venderem os próprios corpinhos para ganhar a vida para ver como reagem! Escrevi trabalhar com aspas na primeira parte da frase e sem aspas na segunda parte. Sou muito marota, até mesmo com a língua portuguesa.)

Um dia eu e uma amiga saboreávamos um licor na minha sala, quando, por uma simples curiosidade resolvemos ligar para um garoto de programa para saber o quanto cobrava. Nem parecia que eu era do babado, de tão nervosa e vermelha que fiquei quando falava com ele. O anúncio que havíamos escolhido era de um rapaz de Lisboa. Descrevia-se como dotado, carinhoso e musculado, entre mais meia dúzia de atributos. ( A vantagem de ser mulher é que eu não preciso de colocar no anúncio o tamanho da minha xana, nem a altura do meu clitóris ). Quando eu perguntei o preço, ele perguntou se era só para mim ou para o meu companheiro. Eu disse que seria só para mim. Sendo mulher, ele disse que era de graça. Só pedia uma ajuda de 15€ para cobrir seus custos do ginásio.

Achei condenável a minha atitude. Afinal, fiz como muitos homens que só ligam por curiosidade, mas que nunca virão a fazer um programa.

Certa vez um rapaz, que era barman numa boate - ou boîte, como quiserem - onde trabalhei, ficou instigado a "fazer programa. Ele via a quantia de dinheiro que a gente ganhava por dia, e, apesar de alguns preconceitos que ele tinha e ainda hoje tem, resolveu arriscar. Pediu que eu colocasse um anúncio para ele, quando eu fosse colocar o meu. Não quis desanimá-lo, mas ele tinha consciência que o meu trabalho era mais fácil que o dele. Eu não preciso de ter tesão para atender um homem, já ele precisa. Coloquei o anúncio, depois de estudarmos o texto. A surpresa? Só ligava homem. Nem 10% das pessoas que ligavam eram mulheres e, quando isso acontecia, era para um atendimento ao casal. Ele até topava comer a mulher para que o marido dela visse, mas ficou receoso. Ficou com medo que o marido ficasse nervoso, que houvesse qualquer confusão, etc. Resultado: ele teve que deixar o telemóvel desligado por uma semana.

Paula Lee.



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  • I'm Quatro Paredes
  • From Portugal
  • «Paula Lee, 24 an...Oh, não é necessário repetir meus dados, disponíveis no meu site.Escrevo um diário desde que comecei a prostituir-me, mas nunca pensei que publicaria um blog. Talvez porque seja mais simples escrever um livro, com histórias já acabadas, do que expor, em tempo real, o que vai surgindo, sem tempo para reflexões mais prolongadas.Gosto de usar a expressão "terapeuta sexual" porque atender um cliente envolve muito mais do que uma simples equação geométrica para saber o quanto devo abrir as pernas.»
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No divã:

    «Costumo dizer que somos para as pessoas um reflexo do que elas são para nós. Alguns clientes me ligam e perguntam como vou atendê-los. A resposta é simples: eu não sei. E não tenho como saber, até o momento em que ele estiver comigo. Há todo um procedimento de descontracção e de relax, quando o cliente está predisposto para tal.

    Posso dizer que sou selectiva com os meus clientes. O que selecciono não é aparência ou a posição social. O que prezo é a postura, o respeito, etc. Não é porque faço esse trabalho ou porque me pagam que sou obrigada a atender quem não quero. Quanto maior é o tempo que gastamos com as pessoas desagradáveis, menor é o que temos para as que nos agradam.

    Não sou levada por conversas ou chantagens do tipo:

    1- Me faça mais isso ou aquilo que te dou mais dinheiro.
    2- Me trate bem que ganhas um cliente.
    3- Me atenda agora porque sou um gajo bonito e você não vai se arrepender.

    Minhas respostas são as seguintes:

    1- Comigo o cliente não tem sempre razão. O corpo é meu e faço dele o que bem entender. Quando um cliente vem, está consciente das minhas condições. Não há dinheiro no mundo que me suborne, ou que faça que eu vá contra os meus princípios.
    2- Não preciso que me induzam a tratá-los bem. Como digo, é um reflexo. Se o cliente for um bom homem enquanto ser humano, será tratado bem. Não será tratado como os outros, nem melhor, nem pior, independente do dinheiro que me dê. Será tratado como uma pessoa única.
    3- Pouco me importa a aparência física ou a condição social. Não trabalho só para homens bonitos ou só para homens muito ricos. Trabalho para aqueles que podem recompensar o meu tempo, em troca de um momento de convívio, relax e prazer.

    Em geral, tenho muitos e bons clientes, meiguinhos, educados, simpáticos (etc), o que faz com que o meu trabalho seja menos desconfortável. Tudo isso graças ao facto de ter aprendido a ser selectiva. Atendo, numa primeira vez, pelo menos 99% dos clientes que me procuram. Tiveram o trabalho de ler o jornal, de me ligar, de achar meu endereço, de subir e bater à porta. Mas nada me obriga a atendê-los uma segunda vez.

    Talvez por causa dessa minha postura, muito rara é a ocasião de aparecer alguém que eu não queira atender. Só tenho que agradecer muito a Deus pelos clientes maravilhosos que tenho.

    Com esse blog que também serve de terapia para os clientes, sento-me no divã e posso avaliar intimamente o passar do tempo e as experiências adquiridas.»

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Creative Commons License
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